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Opinião
02/10/2016 - 06h42
Brasil, esquina do mundo
João Guilherme Sabino Ometto
 

A Olimpíada do Rio de Janeiro, com a participação de mais de 200 nações, realçou a identidade de nossa população com todos os povos. Nas arenas das distintas modalidades esportivas e nas torcidas, éramos uma comunidade mundial. Qualquer atleta, seleção ou visitante estrangeiro que vestisse verde e amarelo seria um brasileiro autêntico! Observou-se o mesmo na emocionante festa de abertura da Paralimpíada, em especial no desfile das delegações de todo o mundo.

Tal pluralismo, expresso nas empresas, no trabalho, nos costumes, na música, na religião, na culinária e no próprio esporte, não se deve apenas, como sugerem alguns estudiosos clássicos de nossa formação demográfico-cultural, à miscigenação dos colonizadores portugueses, dos africanos, vindos sob o flagelo da escravidão, e dos povos indígenas, donos originais da terra. Resulta, também, da abertura de nosso país ao ingresso de estrangeiros, a partir do Século 19.

A imigração de não portugueses iniciou-se em 1818. Chegaram os suíços, que se instalaram no Rio de Janeiro; os alemães, que foram para o Rio Grande do Sul; os eslavos, originários da Ucrânia e Polônia, concentrando-se no Paraná; os árabes, na Amazônia e São Paulo; e os italianos, que vieram principalmente para o território paulista. Novo e importante fluxo imigratório desencadeou-se após a abolição da escravatura, em 1888, quando o governo incentivou a vinda de trabalhadores.

Recebemos, então, milhares de italianos, como minha família de lavradores, e alemães, que chegaram para trabalhar nas fazendas de café do interior paulista, nas indústrias e na zona rural do Sul brasileiro. Em 1908, começou a imigração japonesa, com a emblemática chegada do “Kasato Maru” ao Porto de Santos, com 165 famílias a bordo, que também se empregaram nas lavouras cafeeiras, no Oeste do Estado de São Paulo. Deve-se lembrar, ainda, a presença e colaboração dos judeus, que ingressaram com passaportes dos distintos países nos quais residiam.
No início do Século 20, os imigrantes já constituíam a maior parte do operariado paulista. Dentre os 50 mil industriários, por exemplo, menos de 10% eram brasileiros. A maioria era de italianos, seguidos de portugueses (agora, não mais como colonizadores), espanhóis, alemães e poloneses. Todos, juntamente com os oriundos de nossas primeiras raízes étnicas, cresceram e se multiplicaram na brasilidade. Empreenderam, inovaram, aprenderam, ensinaram e espalharam sua presença em todo o País, em numerosos setores de atividades. Trouxeram concretas contribuições ao desenvolvimento brasileiro. Ou seja, ganhamos know-how para agricultura, indústria, comércio e serviços, sem ter de comprá-lo.

Graças às nossas três raízes étnicas, aos imigrantes e seus descendentes, somos uma nação identificada com o mundo. Não é sem razão que a capital paulista é a terceira maior cidade italiana do Planeta, a maior cidade japonesa fora do Japão, a terceira maior cidade libanesa fora do Líbano, a maior cidade portuguesa fora de Portugal e a maior cidade espanhola fora da Espanha (fonte: portal do Governo de São Paulo). Temos, ainda, municípios que, em seu nome e traços culturais, agregam o espírito cosmopolita de nosso país, como Holambra, Nova Odessa, Nova Europa e Americana (SP), Tailândia (PA), Califórnia e Flórida (PR), Nova Veneza (SC) e Nova Friburgo (RJ).

Pessoas vindas de mais de 60 países mudaram-se para o Brasil e mudaram o Brasil! Por isso, é possível dar uma autêntica volta ao mundo em poucas horas, visitando o Museu da Imigração, na Mooca, em São Paulo, bairro povoado acentuadamente por italianos e seus descendentes. Ali funcionou, no início do Século 20, a Agência Oficial de Colonização e Trabalho, responsável pelo encaminhamento das famílias que chegavam do exterior. Deve-se enfatizar o significado da integração de nossas raízes étnicas e dos imigrantes, que resultou num povo ímpar em sua diversidade, tolerante, criativo e empreendedor. Gente de paz.

Exemplo de nossa capacidade também está registrado na Mooca. Foi lá, em 2 de agosto de 1959, no pequeno campo do Juventus, à Rua Javari, que Edson Arantes do Nascimento, melhor futebolista e um dos maiores atletas de todos os tempos, fez o gol mais bonito de sua carreira e um dos mais lindos da história do futebol, obra-prima que comprova: nossa miscigenada gente não precisa de muito para realizar grandes feitos! Que nos lembremos disso — cidadãos, empresas, políticos e governantes — para vencer a crise e recolocar o Brasil no pódio da economia global!


Nota do Editor: João Guilherme Sabino Ometto, engenheiro (Escola de Engenharia de São Carlos - EESC/USP), é presidente do Conselho de Administração do Grupo São Martinho, vice-presidente da FIESP e Membro da Academia Nacional de Agricultura.

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