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Crônicas
05/06/2005 - 11h02
Batalha final
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Não é questão de escassa importância. Quem caminha por Porto Alegre sabe do que estou falando; é preciso examinar atentamente o lugar onde se pisa. E também não é, claro, problema novo, mas é um problema que se agravou muito nos últimos anos. A população canina cresceu exponencialmente, e a prova disso são as pet shops que surgem por toda parte. Agora, por que tanto cachorro? Há muitas razões para isso. Cachorros são fiéis protetores das casas - é uma delas. Mas tão ou mais importante que isso é o fato de que os cães funcionam como antídoto para a solidão. E a solidão tem crescido. Tem crescido porque as pessoas têm menos filhos e, quando esses se vão, a síndrome do ninho vazio é inevitável. Mais: cresceu muito o número de pessoas que vivem sós, inclusive e principalmente mulheres, como mostrou a Veja numa recente matéria sobre as solteiras do país; a "dama do cachorrinho", que Tchecov introduziu num conto famoso, hoje é personagem habitual nas cidades brasileiras.

Cachorros são fiéis, cachorros são bichos simpáticos e inteligentes. O problema é que também têm necessidades fisiológicas. Algum cientista maluco já deve estar planejando um cão sem intestino, mas, enquanto isso não acontece, eles continuam evacuando, e evacuando na rua, que é o lugar onde seus donos levam-nos para passear. E essas pessoas dividem-se em dois grupos. Um grupo que me impressiona pela dedicação e até pelo espírito cívico; são aquelas pessoas que, num saquinho plástico, recolhem as fezes do cão e colocam-nas no lixo, aliás de acordo com o que manda a lei. O outro grupo, que me parece mais numeroso, segue uma antiga tradição brasileira, segundo a qual o espaço público não é de ninguém, portanto ninguém precisa cuidar dele; daí a sujeira dos logradouros.

O que não deixa de chamar a atenção. Dizem que os americanos são individualistas, e de fato eles o são, individualistas ferozes e egoístas, não raro; mas sabem associar este individualismo com um mínimo de senso comunitário, uma associação, aliás, que explica boa parte do sucesso dos Estados Unidos. Esta idéia de cuidar daquilo que pertence a todos é que anima os donos de cachorro mais conscientes a recolher o cocô. Será muito bom se continuarem a proceder assim. E será muito bom se vencerem a Batalha Final.

O veterinário Eduardo Caldas, da Secretaria da Saúde, disse que mais de 12 mil gaúchos foram mordidos por cães em 2004. Por esta e outras razões, merece o maior apoio a campanha que o Sant’Ana está fazendo em relação a cães ferozes. Não precisamos fazer do reino animal cúmplice da violência que reina nas cidades brasileiras.

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