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Opinião
05/06/2005 - 16h44
Pobres de nós, simples brasileiros!
Marli Nogueira - MSM
 

Desde que, na década de 30, Antonio Gramsci entregou a uma cunhada os rascunhos de seus Cadernos do Cárcere, o mundo nunca mais seria o mesmo. Publicados e difundidos em vários idiomas e em todos os continentes, a obra do comunista italiano passou a ser o catecismo das esquerdas, que viram nela uma forma muito mais potente de realizar o velho sonho de implantar o totalitarismo, sem que para isso fosse necessário o derramamento de sangue, como ocorreu na Rússia, na China, em Cuba, no Leste europeu, na Coréia do Norte e no Vietnã do Norte, países que se tornaram vítimas da loucura coletiva detonada por ideólogos mentecaptos. E, é claro, como quase aconteceu aqui mesmo, no Brasil, quando os comunistas tentaram, pela violência - e por três vezes! - instituir igual regime entre nós.

Segundo o "mestre" italiano, a implantação do comunismo deve se dar não pela força, mas por outro tipo de estratégia: de forma pacífica, mas sorrateira e quase imperceptível, para tanto usando-se de diplomas legais e de ações políticas que vão sendo docilmente aceitos pelo povo através de uma maciça propaganda de seus "benefícios", de molde a que, entorpecidas pelo melífluo discurso gramsciano, as consciências já não mais possam perceber o engodo em que estão sendo envolvidas. Tem sido assim com os "debates" sobre o racismo e as affirmative actions, tem sido assim com a questão do desarmamento, tem sido assim com os temas do aborto e da eutanásia, tem sido assim com o casamento entre homossexuais e a adoção de crianças pelo novo "casal", tem sido assim com os mais variados e cambiantes conceitos de "democracia" tem sido assim com as discussões sobre os "novos paradigmas" do que quer que seja. Todos os valores que a civilização ocidental construiu ao longo de milênios vêm sendo sistematicamente derrubados, sob o olhar complacente de todos os brasileiros, os quais, seja por uma inocência pueril, seja pelo resultado de uma proposital fraqueza do ensino, seja por uma ignorância dos reais intentos das esquerdas, nem mesmo se dão conta de que é a sobrevivência mesma da própria sociedade que está sendo destruída.

Perdidos esses valores, não sobra sequer espaço para a indignação que, em tempos outros, brotaria instantaneamente do simples fato de se tomar conhecimento dos últimos acontecimentos envolvendo escancaradas corrupções em todos os níveis do Estado.

Chega a ser no mínimo curioso que essa mesma esquerda, que tanto se ufana da Revolução Francesa, deflagrada pelos mesmíssimos motivos hoje presentes no país - enriquecimento desmedido de integrantes do poder em contraposição ao empobrecimento cada vez maior da população -, nem mesmo se envergonhe de estar repetindo, mais de dois séculos depois, idêntica situação de calamidade em nosso continente, embora não se canse de continuar elogiando o levante de 1789.

O entorpecimento da razão humana, com o conseqüente distanciamento entre governantes e governados, já atingiu um ponto tal que, se não impossibilitou, pelo menos tornou extremamente difícil qualquer tipo de reação por parte do povo. Estando os órgãos responsáveis pela sua defesa - imprensa, associações civis, empresariado, clero, entre outros - totalmente dominados pelo establishment gramsciano que há anos comanda o País, o resultado não poderia ser outro: a absoluta indefensabilidade do povo brasileiro. A este, outra alternativa não resta senão a de assistir, inerme e inerte, aos abusos e desmandos daqueles que, por dever de ofício, deveriam protegê-lo em todos os sentidos.

A impressão que se tem é de que, em uma inversão estapafúrdia, nós, o povo, é que devemos, com sacrifício e estoicismo, estar sempre a serviço dos que nos governam, dando-lhes os meios de viver bem, de enriquecer, de gozar de proteções especiais, quando o certo seria exatamente o contrário, ou seja, governantes não medindo sacrifícios para elevar a qualidade de vida de seu povo.

Mas povo, para os partidos que nos governam, é constituído apenas de uma massa de pessoas comprometidas com a baderna e com o desrespeito às leis, como o MST, que não se cansa de ser recebido em palácio, a despeito (ou talvez por isso mesmo) de sua visível natureza revolucionária, que coloca em risco a própria segurança da nação, enquanto que outras categorias, como por exemplo as esposas dos militares acampadas na Esplanada dos Ministérios, já tiveram dois pedidos de audiência ignorados pelo presidente da República. Povo, para eles, é composto pelos narcotraficantes e bandidos de toda ordem que impunemente infernizam a vida da sociedade com seus assaltos e assassinatos em plena luz do dia, enquanto que a população ordeira nem mesmo tem a certeza de voltar com vida para casa após cada dia de trabalho. Povo, para essa gente, é formado pelas raposas velhas que vendem suas bajulações de sempre em troca de sinecuras que lhes rendam altos ganhos financeiros, às custas do suor de cada trabalhador brasileiro, rico ou pobre, que ingenuamente continua depositando nas urnas o voto de confiança em seus próprios espoliadores. É só para esse "povo" que se governa.

O péssimo exemplo dado justamente por esses que, a cada quatro anos, nos mostram suas caras de santinhos e uma série de projetos mirabolantes recheados da promessa mais do que batida de que "agora sim, agora tudo vai ser diferente", já contaminou de tal forma a sociedade, que os mesmos desvios por eles praticados são também encontrados em todas as ações mais comezinhas do dia-a-dia, com base na idéia de que "se eles podem, eu também posso". E o valor "indignação" vai paulatinamente perdendo o seu sentido, à força de tanto se desgastar.

Com o maior cinismo do mundo, a turma que há tempos nos governa vem furtando descaradamente o nosso dinheiro através de ações típicas de bandidos da pior espécie (como se não bastassem os impostos escorchantes que pagamos e que já atingiram o incrível patamar de 41,6% do PIB), enquanto que a parte mais pobre da população honesta, na tentativa desesperada de melhorar sua condição sócio-econômica, faz um esforço hercúleo para, ainda que na insegurança da informalidade, virar-se pelo pão de cada dia. E os honestos da classe média, não tendo mais a certeza de que o diploma de doutor irá lhes garantir uma vida tranqüila como profissionais liberais nestes tempos de salve-se quem puder, entregam-se de corpo e alma aos concursos públicos da vida, na cândida ingenuidade de que eles serão todos realizados com a maior lisura do mundo e que o esforço empreendido será recompensado com a aprovação democrática dos melhores. Pobres de nós, brasileiros!

É realmente deplorável o estado de miséria moral em que nos encontramos. E o pior de tudo é a certeza de que não haverá mais "caras pintadas", não haverá mais "marchas da família com Deus pela liberdade", não haverá mais ninguém para nos defender. Continuaremos sempre roubados pelos Waldomiros, pelos Vampiros da Saúde, pelos organizadores dos concursos públicos, pelas estatais que financiam dirigentes de partidos políticos, pelas "necessárias" emendas gentilmente concedidas aos parlamentares, pelas mordomias bancadas pelo CNPq, pelos cartões de crédito dos marajás do Planalto, pelo dinheiro desviado para o MST, pelos desvios de verbas para os programas "ditos" sociais, pelos narcodólares "gentilmente" doados ao partido do poder, pelo milhões de reais que financiam o Foro de São Paulo e o Foro Social Mundial para que lá se estabeleçam estratégias voltadas contra o próprio povo, e por todas as demais falcatruas que a toda hora tomam conta dos jornais. E pior ainda: sem que nada, absolutamente nada possa ser feito para alterar esse quadro, uma vez que quem deveria tomar providências já está envolvido até a medula com esses mesmos males.

Com a sistemática aplicação da técnica gramsciana de tomada do poder, o povo brasileiro, mesmo trabalhando durante quase seis meses por ano como escravos (só para pagar impostos que não revertem em seu benefício) para um Estado inoperante e irresponsável, continuará se deixando levar para o fundo do poço, na doce ilusão de que, se um "mundo melhor é possível", este se encontra na mais absoluta falta de dignidade dos que nos governam e na acachapante destruição de todos os nossos valores.

Qual é, afinal, o nível de saturação do povo brasileiro?


Nota do Editor: Marli Nogueira é Juíza do Trabalho em Brasília.

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