Hoje quando li a excelente crônica de Leonardo Lisbôa sobre seus cadernos, na hora, que nem caldo de cana, eu me lembrei dos meus cadernos. Tenho muitos. A maioria dos meus indigentes escritos são feitos à mão. Mas na certa, diferente dos cadernos de Leonardo, esse mineiro de Barbacena, os meus não servirão para nada. Por quê? Simplesmente porque a minha caligrafia é horrível, nem eu consigo traduzir os "hieróglifos". Só não jogo os cadernos no lixo porque me apeguei a eles, sei que fazem parte de mim, ali, mesmo ilegíveis, estão meus sentimentos revelados. Os cadernos estão dentro de um baú que comprei no meio da feira de Pesqueira, há long long time. De vez em quando abro o baú e aliso alguns cadernos, acaricio, faço chamego, como se estivesse fazendo carinho a um gato de casa, um cachorro de estimação ou, confesso, uma criança. Adoro meus cadernos. Nunca serão lidos, mas me acompanharão até o fim da vida. Nunca consegui ter boa caligrafia, desde criança e adolescente que tento melhorar a letra e não consigo. E era mesmo antes de ficar com as mãos trêmulas devido aos remédios para asma. E treinei muitos naqueles cadernos de caligrafia. Por fim resolvi escrever apenas em letra de forma, mas mesmo assim saí feia paca. Mas há algo estranho, acho que já contei numa mal traçada, escrevendo números eles saem legíveis e, pasmem, até bonitos. Por quê? Não sei, nunca soube. Só sei que minha letra é péssima e não é culpa minha. Mas, repito, não me desfaço dos meus cadernos. Coisa de véio meio maluco ou caduco. Inté.
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