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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
31/10/2016 - 06h00
Pedra na consciência
 
 

Um casal de turistas americanos, arrependido por ter levado embora uma pedra do Coliseu há 25 anos, resolveu devolver o "souvenir" para as autoridades romanas, acompanhado de um pedido de desculpas.
www.bbc.com, 7 de maio de 2009.


Se o Coliseu, o Fórum Romano e adjacências formam um imenso conjunto de ruínas a céu aberto, é claro que com tempestades, tremores de terra e outros flagelos geológicos e meteorológicos a fragmentação das paredes e colunas só vai aumentando com o passar do tempo. E isso aumenta também o acúmulo das pequenas pedras pelo sítio histórico, resultantes desse desgaste.

Tomando como fato ser impossível manter centenas de arqueólogos e restauradores trabalhando de sol a sol para repor cada pedacinho de mármore ou reboco milenar ao seu lugar de origem, tão logo venham a se desprender, é razoável supor que os fragmentos espalhados pelo chão sejam tão valiosos para a humanidade quanto as colunas às quais pertenciam.

Milhões de turistas passeiam todo ano por essas ruínas. Justo ou injusto, lícito ou ilícito, ético ou não, o fato é que eles olham para um lado, depois para o outro, assobiam uma cançoneta napolitana com cara de quem não quer nada, agacham-se sutilmente, fingem que estão amarrando o sapato e... pronto. Do chão direto para o bolso. Uma pedrinha de nada a menos no Coliseu vai virar uma gema de valor incalculável na estante de casa. Imagina só o espanto dos amigos e vizinhos quando olharem aquela relíquia!

Fará falta? Há controvérsias. Para cada milhão de turistas não haverá um bilhão de pedrinhas a roçar por seus sapatos, que jamais serão recolhidas? Ou, ao contrário, o correto será deixar que essa farofa arqueológica continue intocável, ainda que não mais faça parte de muros, esculturas e monumentos?

Estava em frente ao Templo de Saturno, e era sua vez de decidir o que fazer. O casal americano acabou se arrependendo, mas ninguém viu o que fizeram e nem deu pela falta da pedra que surrupiaram. Mas e se hoje houvesse alguém da polizia amoitado atrás de uma coluna jônica, a postos para dar ordem de prisão assim que se abaixasse para amarrar os sapatos? Ou uma câmera de segurança entre o polegar e o indicador de uma daquelas estátuas sem cabeça? Talvez o flagrante acontecesse na saída das ruínas, com a imprensa italiana com seus holofotes e microfones pronta para registrar o momento em que fosse detido e algemado.

Por todos os deuses romanos, o que fazer? Debatia-se nesse dilema quando sentiu o chão tremer, ao mesmo tempo em que se ouvia um ensurdecedor toque de sirene, vindo dos lados do Arco de Constantino.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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