Li Uma CPI não resolveria a questão, com a atenção que nos merece a inteligência, a acuidade e a dignidade com que seu autor, Sidney Borges, desenvolve seu trabalho de jornalista e cronista social. Esta é das raras vezes em que discordo do ponto de vista do vibrante cronista. Tenho, para mim, que o processo de busca da verdade é importantíssimo e, por assim dizer, já se justifica no desenvolvimento do próprio processo, seja qual for o resultado alcançado. Se for bem conduzido, teremos como resultado a verdade ou, pelo menos, o que se conseguiu dela vislumbrar. Se for mal conduzido, teremos a identidade de seus condutores, vislumbraremos suas condutas e suas razões para o descaminho. A análise das razões do descaminho é também conhecimento de grande utilidade para todos, especialmente àqueles que vêm com olhos de ver. É importante que os investigadores sejam também investigados, observados, seus métodos checados. Para a sociedade a grande utilidade das CPIs é sua visibilidade. É o que não acontece com as investigações dos órgãos do Estado. Não é raro que mesmo processos judiciais, quando esbarram em pessoas influentes, se cubram do "segredo de Justiça". Não conheço processo nenhum, que não seja prévia e legalmente consignado como de segredo de Justiça - exemplo são os processos de Direito de Família -, onde José da Silva ou Maria das Dores tenham obtido esta privacidade processual de desnudamento público de seus pretensos atos. Enfim, quando há abscesso, o tratamento é cortá-lo, expondo suas impurezas à transparência do ar puro, grande remédio para sua cura. O mesmo acontece na sociedade. Os que necessitam esconder seus procedimentos não temem a opinião pública (até em razão de saberem da ignorância do distinto público do que ocorre), mas temem a OPINIÃO PUBLICADA, que é a publicidade que nos dá uma CPI. A verdade, mesmo que não seja aquela originalmente perseguida, é sempre útil: quando observarmos o encobrimento de seu processo de busca, observaremos quem está encobrindo e desvendaremos suas "razões". Seria como atirar no que vimos e atingirmos o que não vimos. É processo que sempre vale a pena. É importante identificarmos "QUEM TEM MEDO DA VERDADE?" Com meu afetuoso abraço, homenagem e admiração a Sidney Borges. Roberto de Mamede Costa Leite r-mamede@uol.com.br
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