Arquivo MAMM |  |
Conheci a Fazenda Engenho D’Água funcionando. Meus pais faziam piqueniques com os amigos e Ilhabela era um dos nossos destinos. Lembro dos canaviais onde corríamos e brincávamos, do interior do prédio, quando tomávamos garapa e comiamos nossos lanches. Além da lembrança do lugar, uma coisa para mim é muito significativa, o perfume da cana sendo moída e o cheiro da pinga. Como estávamos acostumados com esse passeio, levávamos nossos primos que vinham de São Paulo nas férias. Uma vez, meu irmão, que tinha 12 anos e dois primos menores, subiram pelo canavial e se embrenharam na mata, quando meus pais e meus tios deram conta, eles estavam perdidos. Foi um desespero total, veio um monte de gente ajudar a procurar as crianças, lembro que foi uma tarde inteira de aflição e quando já escurecia apareceu um caiçara com os meninos chorando. Na década de 80 quando já morava em São José, costumava levar pinga de Ilhabela para presentear meus amigos. Nessa época a pinga de Ilhabela era tão famosa que fiquei sabendo através do meu tio Álvaro, que trabalhava no DER, que os donos de engenho compravam pinga de Paraibuna em barril, para engarrafar na ilha, pois a demanda era maior que a produção. Agora estou curiosa para rever esse prédio que me traz tantas lembranças! considero o local um patrimônio do Litoral Norte e fico imaginando quantas outras histórias ainda serão vividas nesse lugar.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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