Onde Ele nasceu havia vinho, mas Ele ainda não bebia, tampouco o companheiro de Maria levava consigo dracma ou denário suficiente para comprá-lo, nem ganhar tal dinheiro por algum serviço, pois, distante de casa, não dispunha da marcenaria; também não existia maternidade, por isso, também não, “parto cesariano”... O carpinteiro mal pôde arranjar Maria na manjedoura e, com capim seco, improvisou um berço, como se fosse liturgia do primeiro “advento” do nascimento da criança. Precocemente, o menino crescia “em idade e em sabedoria”. Fez-se carne, habitou entre nós, observou a cultura e os costumes das mulheres e dos homens, até o de gostar de festa, como nas “Bodas de Caná”, na Galiléia. Nessa festa de casamento, Jesus estava com a mãe que percebeu o aperreio dos anfitriões: Os convidados tinham bebido todo o vinho e a festa ainda gozava seu maior momento. Maria, sentindo tal aflição, foi a Jesus comentar o que acontecia. Ele, encolhendo os ombros, mostrou-se indiferente: “Mulher, que queres de mim?” Mas, quem é humilde confia; Maria em silêncio se afastou e, com confiança, dirigiu-se aos criados da casa: “Façam tudo o que Ele mandar”. Os criados se aproximaram de Jesus e Ele entendeu o pedido da mãe: “Tragam as talhas vazias. Encham-nas de água”. Jesus olhou para água, para os céus e, em seguida, para os criados, dizendo: “Sirvam!” De repente, tinha-se, naquelas jarras, o bom vinho em abundância. João (2, 1-11), que acompanhava Maria, conta que os convivas e o Mestre Sala se surpreenderam ao se contrariar o costume: Saboreavam o melhor vinho no final da festa. Maria, que serviu de intermediação entre Jesus e os anfitriões, fitou os olhos da dona da casa e sorriu... Desde aquele tempo, muitas famílias, como a do carpinteiro José, passam o Natal sem vinho; a não ser, por milagre, que se dê esse néctar das videiras em cesta básica natalina ou, quem sabe, talvez a cor de vinho na rubra flor de papel crepom.
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