Esta é a conclusão que o Dr Valter Silvério, professor da Universidade Federal de São Carlos chegou após a apresentação de dados que comprovam o alto grau de discriminação contra negros e mulheres. Nem mesmo aqueles que conseguem o mais alto grau de escolaridade escapam a isso, pois enquanto os brancos recebem 12,5 salários mínimos, os negros recebem apenas 8. Esses dados foram apresentados no Curso Educando pela Diferença para a Igualdade, que se iniciou em 07/06 em São Sebastião (SP), para os professores do Litoral Norte. Está sendo promovido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em parceria com a Universidade Federal de São Carlos. O curso está acontecendo simultaneamente em 35 Diretorias de Ensino de São Paulo, sob a forma de teleconferências, aulas presenciais e uso da educação à distância, via internet. O curso tem como prioridade a reflexão para a construção de práticas pedagógicas que tratem de uma forma mais satisfatória as questões das diferenças sociais, étnicas e de gênero. Se quisermos uma sociedade democrática, não dá para aceitarmos que 72% dos analfabetos funcionais sejam negros e apenas 20% sejam brancos. Segundo o IPEA - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas - essas gritantes diferenças entre os níveis de qualidade de vida entre brancos e negros e entre homens e mulheres só podem ser explicadas pela discriminação racial ou de gênero. A participação de uma pequena porcentagem de negros na universidade empobrece a cultura de um país, porque cada etnia tem uma forma de produção e de elaboração do conhecimento e da cultura. Sendo a Universidade, o lugar onde se sistematiza e se difunde o conhecimento, a ausência do negro causará profundas lacunas, uma das quais é o fato de sua história ser contada do ponto de vista do branco que sempre o explorou. Para ele, este é um dos motivos para se defender as quotas para negros e índios.
Nota do Editor: Rui Alves Grilo é professor em Ubatuba (SP).
|