Muito se fala hoje em dia em qualidade de vida. Mas existem situações em que as pessoas se vêem obrigadas a mudar sua rotina por problemas de saúde. É o caso de pessoas com feridas e dificuldades de cicatrização como os diabéticos, pessoas com problemas vasculares e acamados. Há ainda aquelas que passam por cirurgias em que, para se preservar a vida, se faz necessário o desvio do trânsito intestinal ou urinário (chamadas estomias) e necessitam utilizar bolsas coletoras para as eliminações. A primeira sensação destas pessoas é o medo e a insegurança. Preocupado com a qualidade de vida destes pacientes, o Hospital e Maternidade São Camilo resolveu ampliar o serviço de Estomaterapia e atuar não só no tratamento, mas também na prevenção. Para isso, resolveu criar o Ambulatório Exclusivo de Estomaterapia. Trata-se de uma especialidade assistencial, em nível de pós-graduação para enfermeiros que adquirem conhecimento específico para cuidar de pessoas portadoras de feridas agudas e crônicas, fístulas, incontinências (anal ou urinária) e que tenham que passar pela cirurgia de estomia. Embora exista há 15 anos, a estomaterapia ainda é uma especialidade assistencial pouco conhecida no Brasil. A função principal deste profissional é a reabilitação e a promoção da qualidade de vida dos pacientes e seus familiares. "Porém, este sucesso depende de uma equipe multiprofissional formada por médicos, enfermeiros, familiares e o próprio doente", afirma a Enfª Andréia Bertelli, enfermeira estomaterapeuta do Hospital e Maternidade São Camilo. O trabalho deste profissional se dá em duas frentes. A primeira na assistência ao paciente internado no hospital e a segunda, no atendimento ambulatorial. Segundo a Enfª Andréia, após avaliar o paciente através do histórico de enfermagem, a estomaterapeuta realiza o levantamento de problemas, planeja, prescreve e orienta a melhor conduta. A orientação é passada tanto ao doente quanto à equipe e à família. "Todo este processo de reabilitação, é realizado com a parceria com outros membros da equipe de saúde, como por exemplo, médicos, nutricionistas, psicólogos etc.", informa a estomaterapeuta Andréia. Além de por a mão na massa, ou seja, cuidar da lesão promovendo o melhor meio para que ela cicatrize, o enfermeiro estomaterapeuta ainda orienta os cuidados para prevenir as lesões de pele, como úlceras de pressão (popularmente chamadas de escaras) e lesões de "pé diabético". ESTOMA - A estomaterapia é voltada também para a reabilitação daquelas pessoas que sofreram intervenção cirúrgica de desvio do trato intestinal ou urinário. "O objetivo da assistência é fazer com que a pessoa e sua família superem seus medos e dificuldades e consigam se reabilitar por meio do autocuidado. Nosso papel é proporcionar a estas pessoas confiança para lidar com a nova realidade", afirma Enfª Andréia. Para ajudar estas pessoas, a enfermeira distribui no pré e pós-operatório um manual que ensina como cuidar e manter uma vida feliz após esta cirurgia. "Muitas pessoas, inclusive jovens, terão de lidar com esta nova situação pelo resto da vida", enfatiza a enfermeira.
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