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Opinião
13/02/2017 - 07h56
A greve de militares e o espírito público
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Ao mesmo tempo em que o Espírito Santo oferece ao país o exemplo da dura realidade de um território sem policiamento – mortes, saques, ausência de transporte, desabastecimento e medo – e o Rio de Janeiro se mobiliza para evitar que a sua Polícia Militar também deixe de ir as ruas, os governos dos demais estados devem se preocupar com a possibilidade do mesmo ocorrer em suas jurisdições. As queixas dos policiais militares são similares em todo o território nacional. Em São Paulo, mulheres, maridos e filhos de militares marcam para a próxima quarta-feira, ato na frente do Palácio dos Bandeirantes, em busca de soluções para a crise que vivem dentro de suas casas. Seria muito interessante o governador Geraldo Alckmin e o núcleo decisório do governo terem uma proposta concreta para diminuir a tensão dessas famílias, que não recebem nem a reposição dos índices inflacionários e há praticamente duas décadas sofrem com as políticas de recursos humanos aplicadas pelo governo enquanto empregador.

Todo policial militar sabe que não pode fazer greve, e não faz. Mas há na classe o sentimento de que os governos se prevalecem dessa restrição legal e dispensam aos militares tratamento patronal menos justo do que às demais categorias do funcionalismo, que podem parar o trabalho e fazer ruidosas manifestações que levam ao desgaste político. O quadro adverso hoje vivido no âmbito das instituições militares estaduais não existiria se os governos tivessem aplicado a reposição anual dos índices inflacionários, obedecendo ao estabelecido no artigo 37 inciso X da Constituição Federal. Aí, o que teríamos hoje a discutir seriam condições de trabalho e questões específicas da carreira.

A válvula de os familiares agirem no lugar do policial impedido da greve deve ser entendida como a extrapolação do limite da resistência humana a situação adversa. Cônjuges e filhos dos policiais não suportam mais vê-los dar sua vida – muitas vezes literalmente – à causa pública e não terem o justo reconhecimento do governo, que deveria se traduzir em salários compatíveis, protegidos da inflação e condições de trabalho. Os senhores governadores não devem se esquecer que, antes de militares submetidos aos regulamentos, esses homens e mulheres são seres humanos que não suportam ver suas famílias passando privações e se envergonham de não terem o suficiente para lhes garantir o sustento, o estudo e as condições básicas. Durante anos, eles recorreram aos empréstimos consignados para complementar seus salários, mas hoje não têm mais margem para emprestar. Aí bate o desespero, principalmente na mulher, que vê o marido dar toda a sua energia e esforço e, mesmo assim, não poder honrar seus compromissos.

A greve de militares é proibida e acreditamos que em São Paulo não venha a se concretizar. A sua ocorrência em alguns estados demonstra a extrema gravidade do quadro a que a classe está inserida. O desfecho está entregue nas mãos dos governadores, que devem ter sensibilidade e compreensão para esse momento onde, mais do que autoridade, é necessário ter elevado espírito público.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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