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Opinião
12/06/2005 - 20h02
Corrupção, crise e abutres de plantão
Geraldo Lopes
 

Em dois artigos - "As Mazelas do Parlamento" (abril de 2003) e "Utopia do Legislativo" (março de 2004), enunciei, a relação pra lá de promíscua entre legislativo e executivo em todas as esferas. Hoje, dia 9 de junho, quando começo a escrever este artigo, está sendo instalada, no Congresso Nacional, a CPI dos Correios, visando a apuração de corrupção que, segundo denúncia, estaria ocorrendo em várias estatais cujos cargos foram loteados entre os partidos políticos que apóiam o governo.

Além de não acreditar em coincidências, tenho plena convicção de que, muito antes de formalizar as mazela do parlamento através de artigo, não apenas eu, mas a maioria da população medianamente informada e totalidade dos políticos, têm consciência do que vem ocorrendo entre legislativo e executivo dos municípios, dos estados e da União. Essa convivência promíscua, quer seja em nome da governabilidade, por mera vaidade pessoal ou em busca de vantagem, pecuniária ou não, é um câncer que vem se arrastando há décadas e que já faz parte da história da política brasileira.

Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, um candidato oriundo da massa operária, com uma trajetória brilhante e uma biografia irretocável como defensor intransigente da democracia, da ética, da transparência e da moralidade, esperava-se, no mínimo, uma mudança do quadro. Mas a verdade que está surgindo agora é bem diferente. Como disse o petista Olívio Dutra, fato registrado pela mídia, o governo não teve os cuidados necessários com as más companhias angariadas em nome da governabilidade. Identificar as más companhias depois da divulgação dos escândalos dos Correios e do tal "mensalão, pagamento que seria feito pelo tesoureiro do PT a parlamentares de outros partidos para que eles votassem com o governo, é o mesmo que mandar instalar ferrolhos depois da casa arrombada".

O Partido dos Trabalhadores já não tem o mesmo perfil de antes de Lula presidente. O PT acumula dissidências, promove penas de afastamento e até de desligamento de petistas tradicionais. Pior do que isso: petistas de carteirinha votam contra o governo. A análise que se faz desse racha, até pouco tempo inadmissível, é que o Presidente Lula, apesar de manter a integridade e a postura de intransigência diante da corrupção, fez muitas concessões em nome da governabilidade.

Um pré-julgamento seria mais do que irresponsável. Seria insano. A totalidade dos políticos e a imensa maioria da população medianamente informada sabem que ninguém consegue governar com minoria no Congresso Nacional, mas esses mesmos políticos e população medianamente informada sabem também que a pluralidade de partidos políticos é um mal que precisa ser reparado em nome da governabilidade democrática, ética e transparente. A imensa maioria dos homens medianamente informados sabe que a reforma política é uma necessidade, e que, sem ela, é quase impossível governar sem lotear cargos nas estatais entre os partidos nem sempre confiáveis.

A crise é grave. Mais grave do que a denúncia de corrupção dos Correios para locupletar líderes políticos como o Deputado Roberto Jefferson é a possibilidade muito provável de que o esquema de arrecadação de dinheiro público para partidos que apóiam a governabilidade se espalhe por todas as estatais e outras instituições ligadas do governo da União.

Nesse momento em que toda a população deveria estar ligada nos acontecimentos políticos e, de alguma forma, tentando ajudar o governo a sair da crise, os abutres de plantão atacam com toda a voracidade e, a exemplo de alguns sensitivos que fazem premonições para auferir vantagens, colocam de lado o interesse público, ironizam o bem comum e correm atrás dos holofotes em busca de notoriedade, apostando na instalação de crise institucional e falam até em impeachment do Presidente da República. O ex-governador Anthony Garotinho, recém-saído de uma sentença de cassação de direitos políticos e de um estrondoso escândalo de compra de votos na eleição de Campos, seu reduto eleitoral, foi o primeiro a atirar farpas e apostar todas as fichas no agravamento da crise desencadeada com as denúncias dos Correios e do mensalão do deputado Roberto Jefferson. Trata-se, portanto, de um exemplo claro da má companhia citada por Olívio Dutra.


Nota do Editor: Geraldo Lopes é jornalista.

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