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Opinião
01/03/2017 - 06h16
Da pedra à tela
Júlio Röcker Neto
 

Já presenciamos o “fim” de alguns suportes de comunicação, como videocassete, fita cassete, disquete, entre outros. O fim do livro impresso também é tema corrente e, nesse contexto, vem à tona, logicamente, o fim do livro didático, em especial pelo crescimento das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). O impacto das novas tecnologias nos ambientes educativos é evidente, mas é preciso relativizar o tom catastrofista, levando–se em conta a evolução histórica dos suportes de comunicação/leitura. Os diferentes suportes de leitura (pedra, argila, osso, metal, madeira, tecido...) certamente conviveram em algum momento e durante algum tempo. Dessa forma, suportes podem ter um tempo de “convivência” saudável. Foi assim no passado, com o códex (pergaminhos, feitos de pele de animal para servir de suporte de escrita) e o livro pós–Gutenberg. Está sendo assim, agora, com o livro e a tela. Na atualidade, conteúdos e/ou suportes digitais já convivem com conteúdos impressos há, pelo menos, duas décadas. É possível perceber propostas híbridas, em que há predominância ora do impresso, ora do digital. Ganham destaque também novos formatos, como plataformas digitais, jogos e outros recursos físicos que se conectam com o digital.

É nesse cenário de evolução natural (e histórica) que os educadores devem atuar. Em vez de um discurso catastrofista, apontar para novas possibilidades. Da pedra à tela, temos novos elementos para pensar a educação e nos adaptar a uma mudança de comportamento de alunos e professores. A história da leitura e de seus suportes é de adaptação. As evoluções coexistiram até o momento em que a mais prática prevaleceu como suporte. A sociedade se encarrega de selecionar o que é mais ágil às suas necessidades. Mas, nesse contexto, temos o leitor (o aluno), que, ao explorar um novo objeto, alcança outra forma de manipulá–lo (ou navegá–lo) e se abre um universo de possibilidades que jamais poderá ser fechado.

Portanto, é perda de tempo discutir o fim do livro impresso ou do livro didático impresso. Pode ser que um dia aconteça? Talvez, mas o fato é que novas tecnologias já modificam a relação entre impresso e digital e a preocupação deve ser de como tirar o melhor proveito delas. Do conceito de páginas com sequência linear e divisões tradicionais de conteúdo (como unidade, capítulo, seção), a tendência é evoluir para um formato fluido, hipertextual, que se reorganize de acordo com as necessidades desse aluno/leitor. Nas palavras de Umberto Eco, “um livro didático hipertextual e interativo permite–nos praticar a liberdade e a criatividade, e eu espero que esta espécie de atividade inventiva seja praticada nas escolas do futuro”.

Não se pode esquecer do papel do professor e da escola nesse cenário: em qualquer tempo e independentemente do suporte ou mídia, nada exclui a ação docente. Na utilização do ambiente digital em situações de aprendizagem, o papel do professor deve migrar para uma postura mais cooperativa e relacional, e a escola deve garantir os direitos de aprendizagem necessários para uma formação integral, porque, segundo Eco, novamente, “apesar das diferenças [entre o papel e a tela], o computador é um instrumento alfabético. Na sua tela correm palavras, linhas, e para usar um computador é preciso ser capaz de ler e escrever”.


Nota do Editor: Júlio Röcker Neto, graduado em Letras e especialista em Leitura de Múltiplas Linguagens (PUCPR), mestre em Literatura (UFPR), é gerente editorial da Editora Positivo.

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