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SEÇÃO
Crônicas
16/03/2017 - 06h10
Ciúme, fatos, coisas e crime
Damião Ramos Cavalcanti
 

Por trás da Floriano Peixoto do Alto dos Currais, em Itabaiana, morava Biu do Cavalo; o bicho, desde seus tempos de potro, servia ao dono em tudo: puxava a carroça de mudanças; carregava caixas de sapato da fábrica de Seu Osório à Estação Ferroviária, vendidas a Timbaúba e Campina Grande; tinha um admirado trote que levava Biu às festas, à Igreja e ao mercado; e em nada dava trabalho, abastava–se do capim em torno da casa, cujo muro, à noite, Biu gostava de pular, a destino, até hoje, ignorado.

Sua mulher, por coincidência, Severina, nutrindo doentio ciúme e os fuxicos das “amigas” da vizinhança, dizia que tudo sabia: “Ele não me engana...” Assim, escolheu uma da sua rua, a quem Biu sempre sorria, para ser sua rival. E, nos fins das tardes, quando via o escolhido pivô do ciúme sentado na calçada, reforçava sua raiva, em voz baixa: “Por que ela? Sou melhor em tudo”. Lembro–me, por outro lado, que os homens, batendo papo no Bar de Adonias, antes do último gole, lambiam os beiços e defendiam–se: “Mulher com muito ciúme não presta, dá nisso”...

Severina conhecia como ninguém os gostos de Biu. Então lhe preparou seu almoço preferido: Feijão verde; num copo americano, caldo com coentro; farofa d'água com cebola e galinha torrada com muita graxa, alho, cebola, pimentão e cheiro verde. Em cima dessa comida, Biu se derretia de prazer e na mania de comer fazendo com a mão bolinho de feijão, receita de mãe a menino enfastiado, entretendo–o, chamando a comida de “pintinho” ou de “cavalinho”. Quando estava Biu levando um desses bolinhos à boca, Severina quebrou–lhe o pescoço com um pino de engatar trem que ela arrumara na Estação do Triângulo, onde se revezavam os trens para fazer baldeação de vagões e mercadorias. Restou–nos forte lembrança de Biu morto, trancando na mão um bolinho de feijão e das vizinhas defendendo Severina: “Coitado de Biu, mas quem aqui apronta aqui paga...”

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