Órgãos do setor de transporte costumam estimar a construção e a manutenção de rodovias num período de 10 anos em algo em torno de US$ 250 mil dólares por quilômetro. Porém, no Brasil, comumente este valor é ultrapassado. Com um detalhe: praticamente o total dele é utilizado na implantação e conservação da estrutura aplicada na superfície da estrada. Pouquíssimo é destinado à sinalização. Calcula-se que não chegue nem a 0,1% a aplicação de recursos nas estradas brasileiras no que tange à sinalização viária horizontal - aquelas demarcações existentes na superfície do pavimento. Um índice baixo que expõe ainda mais a gravidade do problema da segurança na malha rodoviária nacional. Em países desenvolvidos, este índice, por vezes, aproxima-se de 2%. Pode-se imaginar que o índice baixo da participação da sinalização horizontal no valor total de construção e manutenção de uma rodovia seja algo também relacionado ao seu custo. De fato, a sinalização possui um custo total bem menor do que o serviço de implementação e conservação do pavimento. Porém, o índice médio que ela representa como custo nas estradas brasileiras é questionável, comparado com o que é normalmente aplicado. O fato é que este item, por muitas vezes, tem sido introduzido sob o prisma do embelezamento da rodovia e não como sistema essencial à segurança das pessoas. Muitas vezes, também é empregado sem atender às características de durabilidade e eficiência, fazendo com que estes materiais de sinalização habitualmente implementados tornem-se inúteis em um curto espaço de tempo. Tais configurações expõem, dessa forma, que estão sendo introduzidos nas estradas materiais de sinalização viária de qualidade duvidosa. E quando se põe em xeque a qualidade de qualquer coisa por esta instância, deve-se questionar também o seu preço - invariavelmente apresentado mais baixo do que a média praticada no mercado, mas com resultado pífio. Dessa forma, torna-se preponderante que, em empreendimentos nesse campo, em todas as suas instâncias, esteja contemplada de forma correta a questão da sinalização. E, neste aspecto, incluem-se desde governos, passando por construtoras, até empresas responsáveis pelo fornecimento e aplicação desse tipo de material. Conviver com custos altos em obras nas estradas é duro. Mais duro ainda é saber que pouco ou quase nada é destinado à segurança de forma correta. Nota do Editor: Áurea Rangel é química, mestre em engenharia de materiais e diretora executiva da Hot Line.
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