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Opinião
15/06/2005 - 06h02
Saudades do PC
Jorge Luiz Baptista Ribeiro - MSM
 

Com os escândalos dos Correios e do Mensalão, cai definitivamente a crença, já bastante abalada desde o caso Waldomiro, de que o PT é um partido eticamente superior e moralmente imaculado, conforme sempre se vendeu para a opinião pública e muitos tolos acreditaram. Meu pai sempre diz que "tem bobo pra tudo" e a opinião do "Respeitável Público", nada mais é do que aquela que lhe é enfiada goela adentro.

Embora o cordão de isolamento sanitário que a imprensa de um modo geral e alguns políticos cínicos (pleonasmo?) mantêm em torno da figura de Lula (o caótico presidente sem pecado) esteja minimizando a gravidade dos fatos, sob pretexto de "garantir a governabilidade" e "em respeito à sua história", ninguém pode mais ignorar a crise e fingir que "tô nem aí". A verdade é que "a saia está rasgada" e muitos já começam a perder o medo de expor a podridão e criticar o governo. Trata-se do Estado ferido de morte sendo devorado pelos abutres insaciáveis em todos os poderes e níveis político-administrativos.

Diante de tal conjuntura, a figura semi-esquecida do tesoureiro de campanha de Collor, o lendário PC Farias, renasce como um perfeito arquétipo em que se enquadram alguns tipos que ganharam notoriedade e visibilidade nos atuais escândalos.

O impensável aconteceu. Face às denúncias, indícios e provas de pecados mortais, parece que os pecados da era Collor eram veniais. Aliás, apesar do esforço, não conseguiram "pegá-lo" na Justiça: foi totalmente absolvido das acusações. O que significa uma Fiat Elba que acusaram-no de receber "de presente" defronte dos propinodutos e locupletações que transbordam por todos os meandros do poder?

Será que os "Anões do Orçamento" eram mais perniciosos que os "gigantes da roubalheira" que temos visto no Executivo, Legislativo e Judiciário? De onde será que sai o dinheiro para financiar a farra dos Sem Terra - um bando de gente que vive e viaja sem trabalhar? Às vezes, tenho a impressão de que, diante de alguns homens de confiança do presidente Lula, o PC Farias não passaria de um escoteiro mal comportado. Tomara que eu esteja errado. Até porque, se assim não fosse, creio que os caras pintadas já deveriam estar nas ruas, clamando por mais um impeachment presidencial.

A grande pergunta é: conseguirá o governo juntar os cacos, remendar sua cara de pau e gerir o país no ano e meio que falta para terminar o mandato presidencial? Ou ficará administrando fisiologicamente a crise, enquanto o presidente que nunca pára com o traseiro na cadeira continua de palanque em palanque fazendo campanha pela reeleição e viajando pelo exterior no seu novo Airbus? Até lá, como ficam as decisões urgentes necessárias para evitar o "apagão" energético, logístico, na Saúde, na Educação, na Segurança, no emprego etc.?

É incrível como num país tão grande, rico em recursos naturais e com tanto por fazer e construir, imerso num mundo globalizado em crescimento, possa faltar emprego. A razão não é difícil de explicar, mas sim de aceitar. Faltam investimentos. Porque os juros são exorbitantes, porque a legislação trabalhista é anacrônica e se limita a administrar a luta de classes, porque não há credibilidade nas instituições, nem marcos regulatórios, nem respeito à propriedade privada, nem segurança física e jurídica, haja vista que, a respeito desta última, corre à boca pequena que por pior que seja para as partes litigantes, é sempre mais vantajoso o acordo do que pedir justiça ao anômalo Poder Judiciário. Ou seja, porque Estado não funciona e não deixa o país funcionar. E por que os juros são altos? Devido ao déficit fiscal. Porque o governo gasta demais e gasta mal, não obstante extorquir cada vez mais vorazmente a nação com impostos absurdamente altos.

Eis que chegamos ao óbvio ululante, como diria Nélson Rodrigues: o Estado é o mal, pois é o princípio, meio e fim de toda a corrupção que acarreta os desequilíbrios econômicos e sociais que nos afligem há séculos. Urge, portanto, conter a "besta estatal" antes que ela arraste, de vez, o país para o precipício.

Sabemos que os verdadeiros liberais não têm simpatia pelo poder porque, por princípio, não acreditam no Estado. Mas já passou da hora de desmascarar definitivamente a ideologia do Estado. Ou algum partido encampa a bandeira do liberalismo e cria uma nova via política no Brasil ou permaneceremos eternamente no caos em que vivemos, principalmente na nossa história republicana. Precisamos de uma Margaret Thatcher! Quem se habilita? E será que precisamos também reabilitar a família real? Estudos recentes mostram que as cortes das monarquias européias custam muito menos aos contribuintes do que a presidência da República Federativa do Brasil.

É inútil tentar combater a corrupção sem mudar a crença "estatocêntrica" em que sempre dizemos "o governo devia fazer isto... precisa incentivar aquilo... tem obrigação de prover mais etc. ...". O perigo está nas tais "políticas públicas" que invariavelmente servem a interesses jamais confessados.

Será muita incompetência dos partidos políticos, ditos "não de esquerda", deixarem Lula se reeleger por falta de coragem de propor um pensamento diferente da mentalidade socialista, social-democrata, assistencialista, paternalista e corrupta que sempre dominou o país e o manteve no atraso. Reduzir o tamanho do Estado significa esterilizar o terreno em que cresce a erva daninha da roubalheira que, segundo estimativas divulgadas, equivale a 22% do PIB brasileiro. Caso contrário, a melhor opção para combater a corrupção será chamar o Collor de volta para acabar com os marajás.

As cartas estão na mesa. A oportunidade é esta. Privatização já! Ampla, geral e irrestrita! De preferência, começando pelo IRB e pelos Correios.


Nota do Editor: Jorge Luiz Baptista Ribeiro é engenheiro metalúrgico e pós-graduado em "marketing" pela Fundação Getúlio Vargas.

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