Os processos educacionais foram sempre, para mim, objeto de diversos estudos, curiosidades, acontecimentos ocasionais, programados e planejados, assim como realizações as mais diversas. Coincidências colocaram Ubatuba no meu caminho. No curso universitário de licenciatura em Geografia fui solicitado a fazer um trabalho sobre analfabetismo, no Estado de São Paulo, nos censos de l950 e 1960. Foi o meu primeiro contato com Ubatuba. O município, naqueles dois censos, estava no grupo de maior índice de analfabetismo junto com os outros municípios do Litoral Norte, do Litoral Sul e do Pontal do Paranapanema. Era algo por volta de 80% (oitenta por cento). Posição nada satisfatória. Coincidências e circunstâncias acabaram, seis anos depois, daquele trabalho, fazendo que minha vida estivesse envolvida no contexto observado na pesquisa. Entretanto, nos treze anos transcorridos entre o censo de 1960 e março de l973, grandes progressos houve na educação, em Ubatuba. Escolas rurais foram criadas, em quase todos os bairros do município, por obra dos governos do Estado, do Município, da Srª Virgínia Melle da Silva Lefevre e de outras pessoas. Professores escolheram Ubatuba para realizar os trabalhos de alfabetização e pessoas da comunidade se incorporaram nesse empreendimento. O imenso campo, existente para ser trabalhado, foi lavrado com grandes esforços, sacrifícios e atos heróicos. Alguns desses heróis estão entre nós colaborando para uma Ubatuba melhor. A EE. Cap. Deolindo de Oliveira Santos foi criada para atender as crianças de 5ª a 8ª séries e logo depois, com a construção do prédio atual, atendeu também o 2° grau (hoje Ensino Médio). Movimento juvenil resultou na criação da Escola Municipal de Comércio (1969) (hoje EM Presidente Tancredo Almeida Neves) que tanto tem contribuído para o ensino técnico em nossa cidade. A partir de 1973, a união de Estado e Município, em grande esforço coletivo, criaram novas escolas, cursos de MOBRAL, SUPLETIVO, MAGISTÉRIO, EDIFICAÇÕES, ENFERMAGEM, EDUCAÇÃO INFANTIL, CRECHES e atraíram grande número de professores, especialistas e pedagogos, quase todos jovens, idealistas e formados em faculdades que, com novas técnicas, deram um grande impulso à educação, aumentando, sensivelmente, a escolaridade de toda a juventude de Ubatuba. Surgiram também as escolas particulares para enriquecer e diversificar os ambientes escolares. Ultimamente chegou a Universidade coroando um processo de realizações e avanços constantes. A união de forças recuperou, em Ubatuba, o atraso em que se encontrava a educação até os anos de 1960. Esse atraso histórico, tanto da educação brasileira como da de Ubatuba, fizeram que, o Dr Cláudio de Moura Castro, atribuísse, ao tataravô, a culpa do atraso da EDUCAÇÃO BRASILEIRA e registrasse como informação curiosa para nós ubatubenses: "Durante todo o Império, não houve prédios escolares em São Paulo nem móveis didáticos. Em Ubatuba, por exemplo, os alunos tinham de estudar em pé".("A culpa é do tataravô". Revista Veja, ano 38, N° 23, de 08-06-05, pg. 22). Os investimentos maciços em educação e a educação de qualidade serão sempre o melhor caminho para incentivar o progresso e o desenvolvimento de nossa cidade. Não podemos permitir que nossos tataranetos continuem a dizer, como Cláudio de Moura Castro, "A culpa é do tataravô". Nota do Editor: Corsino Aliste Mezquita, ex-secretário de Educação de Ubatuba.
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