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Crônicas
16/06/2005 - 13h18
A gula
Chico Guil - Agência Carta Maior
 

O futuro serão extensos complexos urbanos, ligados uns aos outros por aglomerados de prédios e casarios. Os passageiros do avião, lá de cima, verão algo parecido com os corais do fundo do mar, incrustados na terra devastada. Sobrarão alguns "parques" ambientais, recortes de verdes aprisionados na infinita conurbação.

O ar rarefeito talvez seja compensado com máscaras de oxigênio. Os automóveis voadores... não, não haverá automóveis voadores. Eles já foram previstos nos anos 70 e não deram certo. Mas a criminalidade, sim, esta já pode ser visualizada em qualquer dessas cidades pequenas que nos últimos anos foram agraciadas com o "progresso". Os números são impiedosos: o crescimento de qualquer cidade traz um aumento no número de roubos e assassinatos, e a megalópole do futuro, que se estenderá como um câncer no decorrer das próximas décadas, registrará também as suas vítimas. Em seguida, devido ao aumento progressivo das indústrias e a poluição acelerada dos mares - ocasionando o desaparecimento das algas produtoras de oxigênio - a biosfera entrará em colapso.

A Natureza, mãe de todas as criações, cuidadosa de cada um de seus minúsculos rebentos, tratará de dar cabo àquele que empesta a vida de todos os outros. Os homens assinaram sua condenação ao assumir o posto de comando da Terra. Grande parte dessas grandes obras, que resultam no "domínio das forças da Natureza", que são festejadas e divulgadas como conquistas, atentam contra o próprio homem.

Frugalidade

Devemos, então, abandonar as estradas asfaltadas e os edifícios e voltar às carroças e às palhoças? Seria uma grande tolice. Mas quem trabalha com "desenvolvimento sustentável" e outros temas similares, sabe que o homem não precisa abrir mão de suas conquistas para entrar novamente em acordo com a Natureza. Precisa somente agir com inteligência, sensibilidade e coragem. Mas o que temos visto é insanidade, brutalidade e covardia.

Infelizmente, os gulosos não abrem mão de suas mesas fartas. Comem um filé em cada almoço, mas exigem que lhes sirvam uma boiada. Eles não querem um pouco mais. Querem tudo. Inventaram que aquele que não se expande tende a regredir, e então, vamos à expansão! Mas não era assim há algumas décadas. Muitos viviam muito bem, com uma empresa familiar, local. Hoje eles têm de expandir o negócio para outros bairros, cidades, países! E vive-se estressado e infeliz. Por que é assim? Porque os gulosos, os doentes que precisam fazer uma aquisição milionária todo mês, acreditam que o sentido da coisa está em ser maior que os outros. Alguns raros, mais espertos, procuram ser melhor que os outros. Mas os homens realmente sábios, equilibrados e sensatos, procuram somente ser melhor que eles próprios, jogando em sua consciência um pouco de água limpa a cada dia.

O ser humano não precisa otimizar as leis de mercado, aumentar a competitividade e todas essas bobagens trazidas de Harvard e outras graduadas escolas da mesquinhez. O que o ser humano precisa é acalmar o seu coração, dar trégua à sua gula, aprender a buscar os pequenos prazeres, os mais verdadeiros e duradouros, que nem todos os dólares do mundo podem comprar.

Enfim, este é apenas um texto, que não impedirá a gula de continuar expandindo as cidades até o limite da grande catástrofe.

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