16/05/2024  23h05
· Guia 2024     · O Guaruçá     · Cartões-postais     · Webmail     · Ubatuba            · · ·
O Guaruçá - Informação e Cultura
O GUARUÇÁ Índice d'O Guaruçá Colunistas SEÇÕES SERVIÇOS Biorritmo Busca n'O Guaruçá Expediente Home d'O Guaruçá
Acesso ao Sistema
Login
Senha

« Cadastro Gratuito »
SEÇÃO
Opinião
19/05/2017 - 08h39
Princípio da imparcialidade
Montserrat Martins
 

“Bonita gravata” diz Lula para Moro, que responde “a sua também é linda”, na charge do Iotti ironizando a linguagem civilizada entre o político e o juiz no interrogatório do primeiro, enquanto os fãs de ambos se digladiam nas redes sociais. Moro afirmou que não tem questões pessoais em relação ao ex-presidente e que julgará de acordo com as provas e com a lei. Ele não poderia se manifestar de outra forma, pois caso contrário teria de se declarar impedido de julgar.

Qualquer que seja a decisão de Moro, sempre caberá recurso às instâncias superiores, e será nelas que se garantirá – ou não – o princípio da imparcialidade do julgador, que é a base do sistema jurídico. Pois o caso do Gilmar Mendes, no STF, não se declarar impedido para julgar Eike Batista, mesmo com sua esposa trabalhando no escritório dos advogados daquele, é um episódio emblemático, que coloca em xeque o nosso sistema.

Quem de nós não seria afetado pelo trabalho do cônjuge num mesmo caso? Quem poderia afirmar, em sã consciência, que tanto faz que sua esposa/marido trabalhe no local que defende uma pessoa que nós tivéssemos que julgar? Que ser humano teria sua imparcialidade colocada acima de vínculos afetivos conjugais?

Em tese, o julgador é capaz de decidir, de acordo com sua consciência, se os fatos objetivos (no caso, o trabalho da esposa) o influenciam subjetivamente. Não se espere de Gilmar Mendes essa autocrítica, que seria legítimo esperar de outros magistrados. Mas nada impede que, não tendo ele admitido a própria suspeição, outros a apontem.

A Procuradoria Geral da República pediu a suspeição de Gilmar e, por mais constrangedor que seja para seus pares julgá-lo, levar isso a sério é fundamental para a seriedade do nosso sistema de Justiça. “À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”, já diz um dito célebre, que se aplica perfeitamente a Gilmar Mendes e à sua esposa.

Se nosso país, nossas instituições, aceitarem passivamente a falta de autocrítica de Gilmar como suficiente para que ele seja considerado sempre imparcial, estaremos na prática renunciando a critérios básicos para a nossa própria credibilidade nas instituições.

Claro que esse não é o único caso, nem o único ministro, podíamos falar também do Toffoli que foi advogado do PT não se declarando impedido de julgar processos que dizem respeito diretamente ao partido. O princípio é o mesmo. A bola da vez, agora, é saber se as instituições vão deixar por isso mesmo e dar “carta branca” ao Gilmar, que aliás tem sido o maior inimigo da Lava Jato no STF.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

PUBLICIDADE
ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES SOBRE "OPINIÃO"Índice das publicações sobre "OPINIÃO"
31/12/2022 - 07h25 Pacificação nacional, o objetivo maior
30/12/2022 - 05h39 A destruição das nações
29/12/2022 - 06h35 A salvação pela mão grande do Estado?
28/12/2022 - 06h41 A guinada na privatização do Porto de Santos
27/12/2022 - 07h38 Tecnologia e o sequestro do livre arbítrio humano
26/12/2022 - 07h46 Tudo passa, mas a Nação continua, sempre...
· FALE CONOSCO · ANUNCIE AQUI · TERMOS DE USO ·
Copyright © 1998-2024, UbaWeb. Direitos Reservados.