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Opinião
22/05/2017 - 07h17
Derrubar Temer sem apurar, isto sim, é golpe
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

Mais uma vez o Brasil é vítima da precipitação, do pré-julgamento e até da má fé. O vazamento da delação premiada do empresário Joesley Batista e de trechos de sua conversa com o presidente Michel Temer abriu uma crise política e econômica de proporções imprevisíveis. A gravação, cujo conteúdo foi divulgado 24 horas depois do vazamento seletivo, demonstrou que não era bem o que se noticiava. Nela ouviu-se um Michel Temer monossilábico, que apenas respondia, não emitia opiniões, parecia entediado com a conversa e dava a idéia de estar torcendo para o interlocutor terminar logo e ir embora. Não se confirmou o noticiado, de que o presidente teria determinado o pagamento da propina ao ex-deputado Eduardo Cunha para mantê-lo calado, e nem outros pontos da conversa, que mais pareceu um conjunto de fofocas ouvido e não levado em consideração. Temer só ouviu, não discutiu e nem contestou o que ouviu. Para ser justa, qualquer análise do diálogo, quase monólogo pilotado pelo interlocutor, tem de levar em consideração o contexto e principalmente o motivo que o levou a buscar o encontro.

O fato de o ministro Edson Fachin ter aberto investigação com base no material não determina a culpa do presidente. Esta, se houver, só poderá ser reconhecida depois de analisadas as provas, as circunstâncias e verificados os argumentos de acusação e defesa. Antes disso, tudo é precipitação e pode conduzir a danos irreparáveis tanto para os envolvidos quanto para o país, que luta para emergir da grave crise político-econômica. Ainda recentemente, o Brasil sofreu enormes prejuízos com a imprópria condução da Operação Carne Fraca. A memória nacional não se esquece do lamentável episódio da Escola Modelo, de São Paulo, cujas denúncias não se confirmaram, mas provocaram dor, prejuízos e até morte. É preciso muita cautela ao denunciar, apurar e concluir...

Não se deve ignorar que a delação vem de um empresário acusado de ter causado prejuízo milionário ao BNDES ao multiplicar seu patrimônio através da promiscuidade com governantes, políticos e às custas de verbas do banco de fomento, alcançadas de forma privilegiada. Isso também faz parte do contexto e certamente será considerado nas decisões judiciais.

Toda a pressão que se exerce contra o presidente por sua renúncia ou pelo impeachment é atropelo às reais apurações. Os reflexos imediatos são a queda do mercado financeiro, a disparada do dólar e o travamento das reformas em tramitação pelo Congresso Nacional. Congressistas e lideranças políticas que trabalham pela renúncia ou impeachment estão, nesse momento, atrapalhando a recuperação do Brasil. O correto e aconselhável é aguardar, pacífica e ordeiramente, as apurações da Justiça, que têm os instrumentos capazes de dirimir dúvidas, apontar oficialmente culpados e encaminhar as soluções. Apear Temer do poder sem esses pré-requisitos, aí sim, será golpe...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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