(I) Todo imbecil de carteirinha, quando ouve algo que não se enquadra dentro dos mesquinhos e miseráveis limites de seus esquemas mentais, ao invés de dizer para si que não entendeu, porque não conhece o que está diante das meninas de seus olhos, prefere protestar e dizer, com aquela pose de douto ignorante, que não concorda e blablablá. Bem, para esse tipo rasteiro de gente, aprender algo novo seria apenas uma forma escolarizada de se reafirmar a soberba de sua ignorância inconfessa. Raramente lhes ocorre que a realidade pode ser um pouquinho mais ampla que sua preguiça cognitiva e bem mais complexa que sua desídia moral. (II) A inferioridade da alma torna-se visível a todos os olhos, inclusive aos mais desatentos, quando o sujeito entrega-se sem muita cerimônia ao visceral remorder-se do ressentimento, seja ele invejo ou não. (III) Toda vez que somos brindados com um novíssimo neologismo politicamente correto, engajadíssimo, esse nos é apresentado não com o intento de nos auxiliar na obtenção de uma melhor e mais ampla compreensão da realidade, não mesmo. Essas tranqueiras são criadas com o vil propósito de formatar nosso silêncio interior, intimidar o pronunciamento de nossa fala e, com uma sutiliza sombria, dominar os gestos de nosso corpo e os gritos e suspiros de nossa alma.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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