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Opinião
31/05/2017 - 07h54
O crack, tão grave (ou mais) que a corrupção
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A presença do crack em 558 dos 645 municípios paulistas, revelada pela pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios, que vê o mal se alastrar até para pequenas localidades, é a prova de que as políticas de combate às drogas não têm sido eficientes. Mesmo com a polícia prendendo cada dia maior número de envolvidos, a comercialização e o consumo só aumenta, numa demonstração de que é preciso mais do que repressão e, ainda, que a ação policial deve visar mais a prevenção contra a disponibilidade do produto do que o consumo propriamente dito. O crack é um gravíssimo problema, pois atinge em cheio a população, especialmente os jovens, que deixam de estudar e trabalhar e, sem recursos para sustentar o vício, roubam, saqueiam e até matam. Também é uma questão econômica, pois aumenta as despesas dos centros de tratamento, já que os viciados são acometidos por problemas pulmonares, mentais e outros decorrentes do mau funcionamento do organismo.

Considerando-se que não produzimos drogas, impedir a sua chegada é fundamental. Sabemos que a maioria dos entorpecentes consumidos em território brasileiro vem do Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia. Uma primeira medida para combatê-los seria a vigilância eficiente das fronteiras com esses países, para dificultar a logística de transporte. Feito isso, aquilo que ainda conseguir furar os bloqueios tem de ser interceptado nas rodovias pois, mesmo quando chega de avião e é desovada em aeródromos clandestinos, a mercadoria é transportada por rodovia até chegar aos centros consumidores. Para inibir essa etapa, as polícias rodoviárias deveriam ser melhor equipadas, com serviço de inteligência, armamento pesado, veículos blindados e tecnologia (câmeras, sensores e outros meios para monitorar veículos suspeitos e seus ocupantes), e ter o mesmo ou maior potencial de proteção e fogo daqueles a quem têm a missão de enfrentar. Se com as suas modestas condições atuais, essas tropas já fazem um grande trabalho, interceptando grandes carregamentos de drogas, melhor será se estiverem adequadamente equipadas e treinadas. É clássica a afirmação de que a melhor forma de acabar com uma guerra é cortar suas linhas de suprimento. Não é diferente quando a guerra é contra o vício.

Concretizado o bloqueio das artérias do tráfico, muitos dos traficantes capilares, que hoje levam a droga às cidades e ao consumidor, teriam que mudar de profissão, por escassez de mercadoria. Mesmo assim, continuariam merecedores de atenção e vigilância dos serviços de inteligência, para não encontrarem alternativas criminosas.

O viciado, elo visível dessa perversa cadeia e alvo de políticas muitas vezes conflitantes, deve ser tratado como problema social e de saúde pública, só cabendo o uso da força estatal se for para a sua proteção. Todos os trabalhos que se tem realizado nesse sentido, pecam pela falta de uniformidade, integração e continuidade. Muitos deles não seriam viciados e até deixariam o vício se a droga não lhes viesse às mãos. Se quiser resolver o problema, o Estado tem de impedir a chegada das drogas e estar preparado para acolher e tratar suas vítimas. Sem um trabalho coordenado nessa direção, o problema, infelizmente, só se agravará. O crack é um gravíssimo problema nacional, maior até que a corrupção que hoje escandaliza todos os brasileiros.


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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