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Opinião
13/06/2017 - 06h43
O aquecimento no agro
Coriolano Xavier
 

Estados Unidos fora do Acordo do Clima de Paris, assinado em 2015 por 195 países, para combater as mudanças climáticas no planeta. Está fora a maior economia do mundo, a segunda maior emissora de gases de efeito estufa, cujo compromisso era reduzir 25% de suas emissões até 2025.¹ Sem isso, a meta de aquecimento global estabelecida no Acordo, para o final do século,² pode ser em tese afetada.

Jogo de cena do midiático Trump? Talvez, pois com a decisão ele deu retorno a seus eleitores, mas deixou fresta para mudar de opinião, falando em renegociação, como é do seu estilo. Um lance que de imediato provocou uma eco polarização global, com importantes signatários do Acordo, capitaneados pelos líderes políticos da Alemanha, China e França, retrucando que não haverá mudanças nos termos do pacto.

A polarização também ocorreu nos EUA. Por exemplo: governadores da Califórnia, New York e Washington, estados que representam 24% do PIB e 11% das emissões do país, já anunciaram que perseguirão os objetivos do Acordo. A eles soma-se o desacordo de grandes corporações, que vêm risco de desestímulo aos investimentos em energia limpa e renovável, abrindo caminho para que os europeus e a China avancem forte nesse setor, visto como uma nova frente de revolução tecnológica.

Estamos falando de marcas de peso como General Eletric, Exxon Mobil, Dow Chemical, Apple, Walmart e Godman Sachs, entre outras. Mais de 1.000 empresas e cerca de 300 investidores globais com atitude crítica diante da decisão, por seu potencial de retrocesso para o meio ambiente, para a competitividade tecnológica e até para a liderança dos EUA, já que pode ser percebida como abandono a uma tradição de comandar as grandes transformações mundiais.

Pelo Acordo, cabia aos EUA aportar US$ 3 bilhões até 2020, dos quais liberou só US$ 1 bilhão. Fala-se agora no realinhamento entre Europa e China, para liderar a transição para uma economia de baixo carbono. Nessa linha, a União Europeia estaria tratando com os chineses recursos para o mercado de créditos de carbono, de fomento ao uso de carros elétricos e da rotulagem de produtos com dados de eficiência energética, visando estimular a eco consciência nas decisões de consumo.

Em nota de governo, o Brasil condenou a saída dos EUA, o que se alinha ao nosso envolvimento na causa ambiental global, desde a Eco 92 (Rio de Janeiro) até o posicionamento brasileiro no Acordo de Paris, com promessa de reduzir 37% de nossas emissões até 2025 e 43% até 2030.¹ Muito embora tais objetivos enfrentem alguma turbulência no momento, dado o aumento de desmatamento nos dois últimos anos. Será apenas um ponto de inflexão passageiro?

A política externa do país vê no combate às mudanças climáticas um processo irreversível e um caminho fértil para o desenvolvimento sustentável. Assim, a mobilização mundial pelo Acordo é alentadora, pois reforça o papel da ciência para o entendimento e a mitigação do aquecimento global. Vale lembrar que a expertise construída pelo Brasil em bioenergia torna as energias limpas e renováveis uma grande oportunidade para o agro brasileiro.


(¹) As metas de redução das emissões de CO² no âmbito o Acordo de Paris partem dos volumes emitidos em 2005.

(²) Meta do Acordo de Paris: que o aquecimento global não supere mais de 1,5 graus Celsius até o final do século.


Nota do Editor: Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.

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