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Opinião
24/06/2017 - 07h22
Teste para psicopata
Montserrat Martins
 

Na internet há vários testes para identificar se uma pessoa é psicopata. Seu vizinho é suspeito? Algum parente tem tendências? Ou você mesmo, tem alguns traços encontrados em psicopatas? Uma moça encontra no enterro de sua mãe alguém que considera “o homem da sua vida”, mas ao final ele sai sem que ela tenha o contato dele. Uma semana depois morre sua única irmã. Qual a conexão possível entre os dois fatos? Fica para o final desse texto a explicação para esse teste.

Hoje existem livros para os curiosos, que mexem com a imaginação do tipo “o perigo mora ao lado”, para você ficar atento aos traços de psicopatia dos outros. Quais são essas características, afinal? A Organização Mundial da Saúde (OMS) inclui como critérios a falta de empatia, a baixa tolerância à frustração, o baixo limiar de descarga da agressividade, a tendência a culpar os outros e a fornecer racionalizações plausíveis para a violência.

Junho de 2017 só teve um assunto mais falado do que Temer ou Gilmar Mendes: a marcação na testa de um adolescente dos dizeres de “ladrão e vacilão”, feita por um tatuador. Duas reações opostas a esse fato: primeiro, a reação contra o tatuador pela lesão que ele produziu. Depois, postagens massivas na internet contra o jovem ladrão, principalmente uma que fala em “inversão de valores”, criticando a solidariedade que o mesmo recebeu pela marca na testa.

A população em geral está revoltada com a impunidade dos bandidos, alguns dos quais extremamente violentos, que aterrorizam vastas regiões urbanas. Falta de segurança é hoje o problema número um do país, a educação e a saúde são afetadas por ela por falta segurança nas escolas e até nos postos de saúde. Essa revolta e a inoperância do Estado geram a vontade de “fazer Justiça com as próprias mãos” e nessa hora a razão cede à passionalidade dos desejos de vingança contra os bandidos.

No filme “Tropa de Elite”, maior sucesso de bilheteria nacional, o sentimento do “nós” contra “eles” aparece nos personagens principais, liderados pelo Capitão Nascimento. Há cenas em que eles criticam colegas de aula pela tolerância com os criminosos, por exemplo. Na divisão entre “nós” e “eles” não haveria recuperação, todo mundo que roubasse uma vez seria criminoso para sempre. Isso justificaria escrever na testa marcando quem é um “deles”.

Essa visão maniqueísta é a mesma do nazismo e é assustador o número de pessoas que hoje estão contaminadas por essa passionalidade, gente achando normal marcar na testa “ladrão”. No teste do início desse texto, quem responde que a mulher pode ter matado a irmã para reencontrar “o homem da sua vida” teve um raciocínio de psicopata. Sentir prazer em ver uma testa tatuada “ladrão”, também.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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