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Opinião
05/07/2017 - 07h24
Os 100 anos de Roberto Campos
José Pio Martins
 

Se fosse vivo, Roberto Campos teria completado 100 anos no último dia 17 de abril. Brilhante como economista, diplomata, ministro, embaixador, senador, deputado, escritor e intelectual multifacetado, ele morreu em 9 de outubro de 2001, aos 84 anos, e deixou um vazio na paisagem intelectual brasileira. Foi um dos homens mais inteligentes que o Brasil conheceu. Aguerrido defensor do liberalismo, sempre à frente de seu tempo, ele anteviu o desastre da Petrobras e preconizou o fracasso da Constituição de 1988 em promover o desenvolvimento e superar a pobreza.

Nestes tempos de Lava Jato e de lodaçal político, ficou marcada a imagem de Roberto Campos, no dia 5 de outubro de 1988, sentado no fundo do plenário da Câmara Federal, cabisbaixo, quase deprimido, enquanto Ulysses Guimarães levantava a Constituição Federal, gritando que ali estava a Constituição-Cidadã, a Constituição dos miseráveis. Na contramão da euforia, Roberto Campos alertava que o texto representaria o “avanço do retrocesso” e tornaria o Brasil ingovernável. Nada mais profético!

“Que contribuição trará a nova Constituição para inserir o Brasil na onda modernizante? Rigorosamente, nenhuma. O Brasil está desembarcando do mundo. Em vez de desregulamentação, o Estado fará planos globais e normatizará a atividade econômica. Em vez de encorajar o Poder Executivo a intensificar a privatização, amplia-se o monopólio da Petrobras, nacionaliza-se a mineração, a União passa a ser proprietária, e não apenas administradora, do subsolo, os governos estaduais falidos terão o monopólio do gás canalizado”, dizia ele, para alertar que mais uma vez o Brasil fracassaria na tentativa de se desenvolver.

Roberto Campos foi, sem dúvida, o intelectual e o homem público que mais bravamente lutou pela liberdade do indivíduo contra a opressão do Estado, além de denunciar o perigo da propensão ao intervencionismo e outras formas de coerção resultante da prevalência do Estado burocrático sobre a pessoa humana, sempre a pretexto de defender interesses sociais que ele próprio – o Estado – reserva para si o poder de determinar. Essas palavras com que o identifico são as mesmas que ele próprio usou para avaliar o homem que ele mais admirava: Friedrich von Hayek, economista e jurista, cujo livro O Caminho da Servidão, publicado em 1944, deveria, esse sim, ser lido nas escolas.

Destaco três citações de Roberto Campos, que ilustram bem o momento em que vivemos e a fina ironia com que ele tentava combater as ideias estatizantes. “Os esquerdistas, contumazes idólatras do fracasso, recusam-se a admitir que as riquezas são criadas pela diligência dos indivíduos e não pela clarividência do Estado”, e acrescentava: “O governo não passa de um aglomerado de burocratas e políticos que almoçam poder, promoção e privilégios, e somente na sobremesa pensam no bem comum”.

Em relação ao valor da liberdade e da democracia, selecionei a seguinte citação: “As pessoas têm interesses distintos, talvez egoísticos, e de qualquer forma frequentemente conflitantes pela simples razão de que as demandas possíveis são sempre muito maiores que os meios de satisfazê-las. A sociedade democrática dá a seus membros o direito de expressarem suas divergências. Não tenta obrigar ninguém a amar seu próximo como a si mesmo”. Roberto Campos foi um pensador que, no deserto de inteligência no cenário político atual, merece ser lido e lembrado.


Nota do Editor: José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.

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