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Opinião
07/07/2017 - 06h06
Até tu, Miguelito?
José Luiz Boromelo
 

O presidente Michel Temer (PMDB-SP) foi notificado oficialmente da denúncia apresentada pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, que o acusou de ter cometido o crime de corrupção passiva. Pelo ineditismo do fato e pelo momento delicado por que o País atravessa, esperam-se dias de tormentas pela frente. É tempo de relembrar aquele antigo adágio popular, que sabiamente profetiza aos incautos: “A língua é o chicote da vida”. Pois foi através desse órgão sensível e de difícil controle que Michel Miguel Elias Temer Lulia caiu em desgraça. Pego em gravação nos subterrâneos do palácio que excepcionalmente ocupa, nosso mandatário-mor revelou para a nação na forma de diálogos indecorosos com o empresário Joesley Batista, a verdadeira face de uma classe que reforça a cada dia, sua condição “sine qua non” no quesito improbidade. O constrangimento geral causado por esse fato parece não demover Temer da ideia de se manter no cargo a todo custo, não obstante a pressão exercida por nada menos de 23 pedidos de impeachment protocolados na Câmara Federal.

A onda de denúncias de corrupção que assola o meio político e as sucessivas condenações impostas pela Justiça a empresários e políticos flagrados com a boca na botija parecem não ter amedrontado suficientemente aqueles mais afoitos, hipnotizados pelos aromáticos e cinematográficos pacotes de onças-pintadas e garoupas. Mesmo com a Operação Lava Jato a pleno vapor, as negociações continuaram na calada da noite (ou à meia-luz do cantinho VIP de uma pizzaria chique), cautela insuficiente para dificultar a identificação do fiel escudeiro, o apressado e desconfiado deputado-mensageiro paranaense e sua mala recheada com 500 mil reais. Nem a solícita e prestimosa irmã da terra das minas gerais escapou da gana inebriante pelos dois milhões de origem e destinação incerta e duvidosa, porém nesses casos específicos, o “gran finale” para ambos não acompanhou o roteiro ensaiado. O que mais impressiona é a ousadia dos envolvidos em casos recentes de corrupção, inclusive perpetrando ações delituosas sob as barbas das autoridades. Poder-se-ia concluir, portanto, que os criminosos de colarinho branco carregam consigo a certeza da impunidade por conta da influência que adquiriram e aperfeiçoaram ao longo do tempo, ou ainda, que o peso da mão repressora do Estado seja insuficiente para desestimular comportamentos dessa natureza. Diante de fatos de tamanha gravidade e das operações sistemáticas da Polícia Federal, a população tem a impressão de que todo político é corrupto por natureza e que essa condição é inerente ao exercício do cargo eletivo.

Quanto a Michel Temer e a qualquer outro acusado, sob o fulcro da Constituição Federal, são considerados inocentes até que se prove o contrário. Mesmo com as gravações de diálogos, depoimentos, ações controladas ou quaisquer outros meios que venham a definir uma suposta conduta criminosa, todos, independentemente do cargo ou função que exerçam, são contemplados com o direito da ampla defesa e do contraditório. Acontece que o estrago na imagem presidencial já está feito e sobram subsídios para o cidadão de bem tirar suas próprias conclusões. A questão agora é de que maneira o País seguirá adiante. Com o presidente fragilizado, as coisas tendem a desandar ainda mais, se a Câmara dos Deputados não autorizar o Supremo Tribunal Federal a instaurar ação penal, afastando o chefe do executivo federal. Porém, se o contrário ocorrer, o insípido Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a presidência caindo em seu colo, terá que rebolar para afastar os abutres da carcaça, ávidos para dividir o butim. Resumo da ópera: ruim com ele, pior sem ele. Mas falando francamente: até tu, Miguelito?


Nota do Editor: José Luiz Boromelo (strokim@bol.com.br), escritor e cronista em Marialva, PR.

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