Foi lendo A República, de Platão, escrito há 2400 anos, que me inspirei para escrever sobre tal tema. Por isso, tudo aquilo que aparecer entre aspas são fragmentos que pertencem à obra desse antigo filósofo grego. O que é a tirania? É qualquer governo instituído à margem da legalidade, opressor e cruel. Para Platão, “tirano é o ambicioso que se apresenta como protetor do povo, sendo acolhido para isso”. “Nos primeiros tempos de sua elevação ao poder ele acolhe com sorrisos e gentilezas a todos que encontra, faz-lhes as mais belas promessas em público e em particular, perdoa dívidas, divide as terras com o povo e com os seus validos, trata a todos com benevolência e ternura de pai”. Mais tarde, conquistado o povo, é preciso mantê-lo fiel, “empobrecê-lo com os impostos cobrados de modo que, ocupado diariamente com a própria penúria, não medite em assaltos contra si”. Isto quer dizer que as péssimas condições de trabalho e os baixos salários têm uma função definida na estrutura tirânica: manter a submissão. Porém, sempre aparecerá alguém que fale “livremente sobre o que sucede e que os mais ousados cheguem mesmo a provocar o tirano”. Então, “será necessário, pois, que o tirano se livre deles se quiser reinar em paz e que, sem distinguir amigo de inimigo, afaste a todos os que, por seu mérito, lhe façam sombra”. A juventude interessa muito à tirania; é garantia de sua sobrevivência. Por isso é conveniente ao tirano lançar mãos de todos os meios para cooptar essa juventude na manutenção da “realidade da caverna”. Um sistema que sobrevive graças a um baixíssimo nível intelectual, investindo no ponto fraco (ou forte?) da juventude: as paixões que podem fomentar o amor tirânico. Os mais pessimistas dizem que apenas 25% da população brasileira é realmente alfabetizada, capaz de exercer a cidadania. É, pode ser mesmo!
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