De acordo com o filósofo Platão, o amor tirânico é “o amor que preside aos desejos ociosos e apetites pródigos”, “paixões mais fortes coroadas de flores, impregnadas de perfumes, embriagadas de vinhos generosos, cercadas de prazeres dissolutos” que “o nutrem, fomentam e armam com aguilhão de desejo”. Então, “este tirano de almas, escoltado pela demência e pelo furor, sacrifica todos os sentimentos e impulsos honestos e decorosos que ainda lhe sobrevivam no fundo da alma até que, extintos os últimos vestígios de pudor e de temperança, se afunda em uma loucura antes desconhecida”. Pronto! Eis a receita que perpetua a tirania e mata a cidadania! Uma vez morta a cidadania, da alma da juventude só brotarão “desejos incontidos e insaciáveis”. Daí, por ambição, “há dissipação dos bens familiares, enganos e furtos”, ou seja, “a juventude recorrerá abertamente à rapina e à violência”. Um espírito assim perdeu a referência do que é essência e do que é aparência. Não sabe sequer distinguir numa propaganda o quanto se manipula a fim de se manter as condições tirânicas. É a lógica tirânica: a juventude precisa continuar alienada, sem entender os mecanismos traçados por uma mísera porcentagem que vive muito bem a partir de uma estrutura social horrível (muitos na miséria, pouquíssimos no bem bom). “Só quem tem amor e saber” escapa de tal esquema, percebe uma verdade que ultrapassa a das sombras projetadas no fundo da caverna. É por isso que o compadre Chico Lopes não está totalmente errado ao afirmar que: “O sujeito sem-noção é um miserável cultural que alimenta, dá a sua contribuição à tirania, que propaga a degradação ambiental e as questões sociais. E o pior: a sua prole tem nele seu principal exemplo. É por isso que antes nós (Ubatuba) nos identificávamos mais com Fernando de Noronha e agora demos uma guinada para a Baixada Santista, onde a poluição é a regra, parecendo um imbatível buraco negro”. Só quem tem amor e saber escapa de tal esquema, concorda Velho Platão?
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