Enquanto isso, num corredor escuro do Congresso... - Caiu o Zé! - Pois é... E essa sacola aí, o quê é? -Um troquinho, Nobre Deputado. - Intão, Nobre Deputado, passa aí. É um assarto! - O que é isso, Excelência! - Isso o cacete. Vossa Sapiência vai mandano a grana aí, ou vai tomá uma azeitona. - Mas... Iluminado Deputado... - Não tem ma nem meno. Vossa Iminência faz favor de passá a grana aí. - Mas Vossa Eloqüência está promovendo um assalto! - Ô Indignado Deputado... num é bem um assarto, é uma a-po-pri-a-ção. - Escusa Excelência, este dinheiro não é meu! - Como assim, Estupidificado Deputeu? - Este dinheiro é contribuição de uns amigos desinteressados, Nobre Deputídico. - E pra onde vai essa sacola com a grana, Solene Inimputado? - Pro terceiro andar, gabinete do meio. Tão esperando lá, Idílico Deputão. - Bem, Digno Deputante, não tenho nada a vê cum isso, quero minha parte. - Ilibado Deputácio, sua parte já está com o líder de seu partido! - Meu líder? Como assim, Oblíquo Deputarte? - Olvidada Excelência, esqueceu que todo mês tem mesada? - Mesada? Que mesada, Enigmático Deputício? - A mesada, Legítimo Deputante... o mensalão, pô! - Mensalão? Vossa Excrescência tá brincano? - Nunca falei tão sério, Indignado Deputício! Todo mês tem uns milhão lá pra dividir com a turma. A grana vem na mala. Fresquinha. - Mas eu nunca recebi um centavo, Louvado Deputalho! - Ora, Lépido Deputídico, então o assaltado foi Vossa Intumescência! - Deputado que pariu! - Eu avisei... eu a-vi-sei... - Intão nóis fomo inganado, Vossa Excremência! Vô tirá satisfação. Quem é que manda na bagaça? - Digníssimo Deputante, agora não sei... Vá falar com o Jefé. - Jefé? Mas Vossa Leniência, essa história de mesada num é c’o Zé? - Era. O Zé caiu. Quem sabe das coisas é o Jefé. - Putz... Intão é melhor deixá pra lá. - Deixar pra lá, Nobre Deputídico? - Eu, heim? Em briga de Zé com Jefé num se mete a cuié. - Pior que é... Nota do Editor: Luciano Pires é jornalista, escritor, conferencista e cartunista.
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