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COLUNISTA
Marcelo Sguassábia
04/09/2017 - 07h28
Nome aos maços
 
 
Arquivo MPS 

Meninos colecionavam maços (vazios) de cigarros na década de 70.

Quem tinha “Chesterfield”, ainda que esfarelando, tinha uma preciosidade, já que estávamos em 76 e a marca desapareceu do mercado brasileiro em meados dos 60. Enquanto vagava pelas ruas, sarjetas e bocas de bueiros à cata de algum maço que ainda não possuía, ensaiava estúpidas deduções semânticas. No caso do “Chesterfield”: “Chester” para mim era a ave das ceias de Natal. Já “field”, o escasso inglês dos meus 12 anos conseguia traduzir como “campo”. O que resultava em “campo de chesters”, algo um tanto surreal para um animal criado em confinamento e anabolizado com hormônio.

A marca “Kent” tinha esse nome por causa da temperatura da brasa e da fumaça do cigarro, evidentemente. Nunca poderia me passar pela cabeça que aquele fosse o nome de um Condado no sudeste da Inglaterra. Aliás, o predomínio de nomes ingleses nas marcas de cigarro era absoluto: Albany, Derby, Winston, Carlton, Advance, Belmont, Pall Mall, Benson & Hedges, Dunhill and hundreds more.

Ainda no inglês, “Minister” para mim era intraduzível, não associava com “ministro”. Da mesma forma que “Parliament”, na minha mirim ignorância, não vinha de “parlamento”. Eram nomes criados do nada, que se bastavam pela nobreza da sonoridade. “John Player Special” era ultraelegante e esportivo, com o preto, o dourado e a tipologia idênticos à Lotus patrocinada pela marca. E quando certo dia o locutor da Fórmula 1 anunciou na narração que o motor da Lotus estava fumando, minha lógica infantil não viu nada de incoerente nisso. Analisando particularmente o nome vertido para o português, não via lá muito sentido em “João Jogador Especial”. Seria melhor “João Piloto Especial”, já que a marca era ligada ao automobilismo...

A marca “Fulgor” talvez fosse a mais valiosa e cobiçada, fazendo páreo em raridade com “Yolanda” e “Petit Londrinos”. Vendidas nos anos 30 e 40, o acesso da meninada a estes tesouros só era possível via coleções de pais ou avós. Que legavam aos pequenos herdeiros o vício do colecionismo. E, frequentemente, o do fumo também.


Nota do Editor: Marcelo Pirajá Sguassábia é redator publicitário em Campinas (SP), beatlemaníaco empedernido e adora livros e filmes que tratem sobre viagens no tempo. É colaborador do jornal O Municipio, de São João da Boa Vista, e tem coluna em diversas revistas eletrônicas.
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