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Opinião
15/09/2017 - 07h16
Joesley, o gravador e o psiquiatra
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

No intervalo de quatro meses – que é nada no laspso da história – os irmãos Batista (Joesley e Wesley) deixaram o status de empresários brasileiros muito bem sucedidos e deram com os costados na cadeia de onde, mesmo com todo o dinheiro que juntaram, poderão ter dificuldade para sair. A divulgação da gravação feita às escondidas com o presidente Michel Temer, quase o afastou do poder e rendeu desdobramentos que deverão persegui-lo até depois que deixar o mandato, mesmo que o termine em 31 de dezembro de 2018. Mas o método também atropelou o senador Aécio Neves, jogou mais lama em Lula e Dilma e em dezenas de outros figurões da República, revelando supostos crimes que a justiça hoje se empenha em apurar. Enredou até o procurador geral da República, Rodrigo Janot, que deu excessivo crédito às delações dos empresários e hoje gasta seus últimos dias no posto na tentativa de recolocar as coisas nos devidos lugares e evitar mais perdas à própria imagem profissional.

Ao contrário do intransigente deputado índio Mário Juruna, que utilizava o gravador apenas como prova do que lhe prometiam, Joesley o fez arma contra os poderosos, buscando constituir prova de crimes por estes cometidos, mas não teve condições (ou interesse) de esconder seus próprios erros. Além dos políticos, derrubou a casa até na Procuradoria Geral da República, trazendo para seu esquema o ex-procurador Marcelo Miller, de relacionamento profissional próximo a Janot e hoje também envolvido nos processos e com pedido de prisão.

Preso, o empresário é o motivo da insônia de muita gente importante. Deverá continuar sua narrativa, pois é o caminho da colaboração que poderá levá-lo à liberdade, ainda que provisória. Ministros, parlamentares, empresários e outros figurões temem também terem sido, em algum instante, gravados pelo empresário araponga. É aí que mora o perigo. Na medida em que forem se esclarecendo as artimanhas, novos personagens irão surgindo. Não é difícil que parte deles, no perigo iminente, mesmo sem a certeza de estar no cardápio, comecem a falar o que sabem à espera de, colaborando, reduzir suas possíveis penas. São os casos do ex-procurador Marcelo Miller e do executivo Ricardo Saud que, envolvidos, só podem esperar que Joesley ainda os denuncie e, portanto, podem fazer o caminho inverso.

Pelo que se depreende, Joesley sente-se forte, uma espécie de semi-deus e, como tal, teve a coragem de ir gravar o presidente, não escondeu (e faz questão de divulgar) os próprios crimes, subestimou a inteligência dos apuradores e, possivelmente, não vive em perfeito juízo. Seria de elevadíssima utilidade, antes de qualquer outra providência, submetê-lo a uma junta psiquiátrica para a comprovação de sua sanidade. Com esse resultado em mãos, a Justiça poderá decidir mais acertada e rapidamente se é o caso de imputar-lhe os crimes já explicitados ou simplesmente aplicar medidas de segurança para que não continue prejudicando o país com estripulias...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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