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Opinião
20/09/2017 - 07h33
Nada a comemorar
José Luiz Boromelo
 

O feriado de sete de setembro foi diferente. Apesar dos tradicionais desfiles e da movimentação em comemoração ao Dia da Pátria, minguaram as demonstrações de civismo, sentimento típico dessa época. As bandeirinhas verde-amarelas tremulando ao vento e os adesivos colados no lado esquerdo do peito não mais estimulam as pessoas como antes, daquele tempo em que se tinha o costume de depositar confiança nos homens públicos. Por motivos óbvios, o cidadão anda desapontado com a classe política, diante da infindável crise que se abateu sobre a nação brasileira. Se a conjuntura se mostrasse desfavorável apenas na área econômica, o esforço conjunto entre governo e o setor produtivo haveria de propiciar resultados satisfatórios em razoável espaço de tempo, como o verificado em outras ocasiões. O mesmo raciocínio poder-se-ia aplicar diante dos desencontros na área institucional, quando os dirigentes literalmente se afastam do precípuo maior que orientam e direcionam as finalidades das instituições públicas, que é o de atender as demandas da sociedade. Um remanejamento aqui, uma exoneração ali, uma normativa acolá e tudo entrava nos devidos eixos.

Ocorre que por uma somatória de motivos, vivemos uma situação sui generis atualmente. Nunca na história dessa nação, houve tantos líderes políticos acusados de corrupção. Absolutamente toda a alta cúpula do poder está sob suspeição de atos ilícitos, alguns perpetrados em pleno curso das investigações. As denúncias atingem inclusive a pessoa do presidente da República, citado em diversos depoimentos, por participação direta ou indireta em fatos escabrosos, completamente incompatíveis com o exercício do cargo. Montanhas de dinheiro foram apreendidas, em momentos distintos, nas mais diferentes situações. Desde o deputado-pizzaiolo com a mala dos 500 mil, passando pelo pedido de 2 milhões do senador em telefonema grampeado, culminando com o achado do tesouro perdido: nada menos de 51 milhões de reais em um apartamento emprestado, uma sonora esbofeteada no trabalhador honesto que tenta, com muito esforço, prover o mínimo indispensável para sua prole. O que se passa nos bastidores do poder é algo assustador, em se considerando que os casos que vieram a público representam uma pequena amostragem das falcatruas identificadas até o momento. A velha e eficiente receita de misturar os interesses de grupos políticos com a iniciativa privada funcionou durante décadas. O fermento para essa massa indecorosa é elaborado com recursos públicos, dinheiro suado do contribuinte, azeitando candidaturas e contribuindo para que decrépitas figuras da política brasileira se mantenham indefinidamente no poder, entranhados em alguma das trinta e tantas siglas partidárias.

Realmente, não tivemos absolutamente nada a comemorar nesse sete de setembro. Os mais de 12 milhões de desempregados também não. Assim como aqueles que buscaram atendimento médico em hospitais superlotados, onde foram tratados com a costumeira precariedade. Os que foram vítimas da violência desenfreada, fruto da incompetência administrativa e da inércia do Estado. Os permanentemente excluídos por sua condição social, sintomas do capitalismo selvagem, reflexo mais evidente do mundo globalizado. Enquanto isso, nossos políticos corruptos tentam a todo custo desacreditar o Poder Judiciário e o Ministério Público perante a sociedade, quando flagrados com a boca na botija. Mentem descaradamente, mesmo diante de evidências irrefutáveis. São completamente desprovidos de decência, ética e moral, sentimentos que norteiam os caminhos da probidade. Haverá de chegar a hora em que o eleitor brasileiro dará uma lição à altura nessa horda de desavergonhados, mal-intencionados e tremendos caras-de-pau. É só uma questão de tempo.


Nota do Editor: José Luiz Boromelo, escritor e cronista em Marialva, PR.

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