Concordo que a maioria dos homens elogia uma mulher bem vestida (diziam antigamente: vestida para matar), com um vestido deslumbrante a la Grace Kelly, usando sapato alto, desfilando, toda toda, chiquérrima, como diria um cronista social, poderosa e outras frescuras do gênero. É natural a admiração. Mas é apenas uma faceta da mulher, um item, a casca, o porte, quase uma fantasia, às vezes nem é elegância porque elegância é outro departamento. Dizia Balzac, um craque na descrição da vida social e dos costumes: "O incapaz cobre; o rico se enfeita; o presunçoso se disfarça; o elegante se veste". O saudoso designer da moda, Yves Saint Laurent afirmou: "Sem elegância no coração, não há elegância". Mas foi Sêneca há mais de dois mil anos quem melhor definiu a mulher elegante e bonita: "Uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar partes isoladas". Sempre discordei de uma besteira dita por um dos poetas que mais admiro, Vinicius de Moraes, quando afirmou: "As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental". Devia ter explicado primeiro o que é beleza. Será só a física? A beleza e a elegância de uma mulher está no todo. Há mulheres que não possuem dotes físicos mas são lindíssimas e elegantes porque o charme, a ternura, o talento, a dignidade, o caráter e a capacidade amar torna-as lindas e elegantes. Para mim uma mulher elegante é aquela que é íntegra, positiva, corajosa, doce, que finge ser frágil mas é fortíssima, uma mulher que sabe sobretudo amar e resistir. A mulher, repito, é o todo, nunca uma parte. Na vida conheci muitas mulheres e posso testemunhar, as mais belas e elegantes sempre foram aquelas menos enfeitadas e menos ligadas à moda. A elegância de uma mulher só se mede com a lente, a régua e o compasso da ternura e do amor. Inté.
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