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Opinião
12/10/2017 - 06h29
Prazeres espetaculares
Montserrat Martins
 

Um cara mata 50 pessoas num show, é cena de filme ou realidade? Nos Estados Unidos a realidade se confunde com a ficção, são muitos casos de pessoas que agem como se estivessem num filme de ação. E porque existem tantos filmes de ação? O princípio do prazer, da gratificação imediata, inclui descarregar a própria agressividade em forma de violência contra quem lhe irritar. Só seria corrigido pelo princípio da realidade, de pensar nas consequências, mas para uma pessoa que se sente vazia – caso do atirador que matou e se suicidou – isso não existe mais.

A massificação da vida atual é uma causa: tudo virou impessoal, tudo virou espetáculo. Causar impressões nos outros se confunde com o próprio sentido da vida. Nada disso é por acaso, o mundo mudou da vida nas pequenas aldeias locais, para uma grande aldeia globalizada, onde os valores são diferentes.

Nas pequenas cidades do interior, as pessoas sabem o nome das outras, sabem as histórias de sua família, o que é uma moeda de dois lados, para o bem e para o mal. Isso pode favorecer a vida de algumas pessoas e atrapalhar a de outras, além de ser muito invasivo. Mas com todas as fofocas de cidade pequena, o que existe de positivo é que as pessoas tem identidade, são reconhecidas, e cada uma carrega a própria história como uma tentativa de superação, de realização.

Nos grandes centros urbanos, o anonimato é suprido pela comunicação de massas. O assunto entre vizinhos que mal se conhecem é o que passa na TV, da novela ao futebol, do noticiário político ao policial (que aliás estão bem ligados ultimamente). E o que passa na TV, pelas regras práticas da vida e dos negócios, é o que dá audiência.

Audiência sempre foi movida a “princípio do prazer”, o que inclui não apenas os prazeres positivos como afeto, amor e sexo, mas também os prazeres da agressividade, pois é prazeroso descarregar sua adrenalina sobre os outros. Os filmes violentos proliferam por causa disso mesmo, porque “dão Ibope”. Qualquer coisa que chame a atenção, que “dê espetáculo”, dá audiência: o YouTube está cheio de “barracos”, de brigas entre mulheres/homens traídas(os) e baixarias do gênero.

A “sociedade de massas” globalizada do século XXI vive a chamada “Era do Espetáculo”: tudo tem menos conteúdo, menos profundidade e mais sensacionalismo, mais apelo para chamar a atenção. Décadas atrás os discursos políticos tinham debates programáticos, hoje se resumem a memes, a frases de efeito. Os assuntos em geral eram debatidos em detalhes, hoje tudo virou guerra de chavões. Ninguém mais quer saber de “textão”, só de frases feitas. A era do espetáculo, dos prazeres sem limites, é uma era violenta. Até despertarmos para o princípio da realidade, racional.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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