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Opinião
13/10/2017 - 08h05
O insano balcão de negócios
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

A última “flecha” do ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, deverá ter o mesmo destino da primeira: o lixo. O parecer do deputado Bonifácio Andrada, relator da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, lido nesta terça-feira, é pela rejeição à denúncia, cuja aprovação afastaria o presidente Michel Temer do posto e autorizaria o Supremo Tribunal Federal a processá-lo. Janot o acusa de obstrução à Justiça e participação em organização criminosa e, a exemplo da primeira denúncia já arquivada pelos parlamentares, esses agravos continuarão arquivados até a saída de Temer da chefia do governo, para que ele os responda quando não tiver mais o foro privilegiado. Justas ou não, as denúncias ao presidente, formuladas mediante nebulosas delações cujos delatores hoje estão presos a pedido do próprio Janot, têm parado a República. Tumultuaram a votação das reformas trabalhista e política, e deverão inviabilizar a previdenciária, pois o governo resta enfraquecido para bancá-la.

Consta que Temer liberou R$ 15 bilhões em emendas e outras benesses aos parlamentares para barrar a primeira denúncia e que está com as burras do governo novamente abertas para reunir os votos necessários a impedir a segunda investida de Janot. Isso dá uma idéia do quão mal acostumados estão nossos governos e parlamentares, que transformaram a atividade política num sórdido balcão de negócios. Deputados ligados a sindicatos pressionam e o presidente poderá enviar um projeto permitindo a criação da contribuição, para ficar no lugar do imposto sindical dos anos 40, extinto na reforma recém-aprovada no Congresso Nacional. Se isto acontecer, os trabalhadores continuarão obrigados a dar um dia de trabalho por ano ao sindicato da categoria, independente de serem ou não seus associados. A novo imposto – ou contribuição – tem sido chamado de “mortadelão”, em alusão ao alimento distribuído aos manifestantes ligados ao PT e seus puxadinhos durante a queda da ex-presidente Dilma Rousseff.

Esse quadro de necessidade presidencial e exigência parlamentar é deplorável. Serve para ampliar o desencanto do eleitorado em relação aos políticos. É inadmissível que deputados tenham de receber incentivos para cumprir com suas obrigações de votar, e que o governo seja obrigado a pagá-los para obter os votos que necessita. Quando isso ocorre, o grande prejudicado é o povo que se sente enganado pelos representantes que elegeu e prejudicado pelo governo, que desvia os recursos de aplicações tecnicamente indicadas para atender a critérios pessoais. Toda vez que um deputado anuncia ter trazido uma verba para seu curral eleitoral, ele terá prejudicado o conjunto dos cidadãos que deixou de tê-la disponível para a aplicação por critérios técnicos e administrativos.

Muito mais do que definir questões trabalhistas, previdenciárias ou econômicas, precisamos reformar o procedimento ético da classe política. A república de cooptação, compra de votos e de favorecimentos tem de acabar. Ela atrasa o país e faz sofrer o povo. Isto, sem dúvida, é uma vergonha!!!


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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