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Opinião
27/10/2017 - 08h54
Pior que a corrupção é a sua cultura
Dirceu Cardoso Gonçalves
 

O Ministério Público Federal que, no ano passado, pilotou o projeto das 10 medidas anticorrupção, coletando 2 milhões de assinaturas para apresentá-lo ao Congresso como iniciativa popular, investe agora em 100 medidas. Segundo o procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava-Jato, entidades da sociedade vão se mobilizar para que o Senado, a Câmara dos Deputados e os governos venham a ser integrados, a partir de 2019, por homens e mulheres comprometidos com a honestidade e a moralidade. Oxalá esse objetivo seja atingido, embora tenhamos de admitir que não será fácil, principalmente em se considerando o pouco interesse do eleitor em votar bem, atestado pela presença de contumazes corruptos e maus políticos entre os eleitos de todos os níveis. O número de denúncias, processos, afastamentos e até prisões é testemunha dessa triste realidade.

Os acontecimentos mostram que a corrupção é algo mais amplo do que pode parecer. Não está apenas nas negociatas milionárias que ganham os espaços indignados dos meios de comunicação. É encontrada em todos os níveis e está mais próxima do que imaginamos. O simples fato de se dar uma gorjeta ou qualquer pequeno presente para que alguém nos faça algo que é de sua obrigação fazer é corrupção pois, enquanto nos atende, o recebedor (e nós, por extensão) está passando para trás alguém com mais urgência ou direito de precedência no mesmo serviço. Aquele que tenta propinar o guarda ou qualquer outro servidor para evitar multa, é tão corrupto quanto ao propinado. E, até mesmo quem passa à frente dos outros numa fila, comete corrupção, pois fere a fluidez e a boa prática dos direitos e deveres inerentes à vida em sociedade.

Desde que nos conhecemos por gente – independente da nossa idade – ouvimos continuadamente falar em corrupção. Chegamos ao absurdo até de haverem atitudes tidas como esperteza mas que, na verdade, não passam de corrupção. Basta ler a história política e social para cruzarmos com esse nefasto ingrediente, ora mais, ora menos explícito.

É difícil acreditar que nosso país resolverá a corrupção através de campanhas, movimentos indignados ou de atitudes isoladas. Todas as rupturas políticas que tivemos até o momento tiveram como pano de fundo o combate à corrupção. E ela está ai, aparentemente maior a cada dia. A única esperança de combatê-la com alguma possibilidade de sucesso, está no severo comprimento das leis – hoje enfraquecidas pelas brechas e má execução das penas – e na educação das futuras gerações. O corrupto já formado culturalmente só deixará de sê-lo pelo medo da lei o alcançar. Por isso, além do fortalecimento da Lava Jato e suas similares, precisamos de ampla reforma de conceitos e atuação junto aos jovens para, um dia, as pessoas – desde a mais simplória até a mais categorizada – se libertarem da cômoda e desumana cultura de levar vantagem em tudo. Deixar de eleger corruptos é apenas uma partícula da monumental luta que se, cedo ou tarde, teremos de travar...


Nota do Editor: Dirceu Cardoso Gonçalves é tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo e dirigente da ASPOMIL (Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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