Concordo que quem escreve não deve ser agressivo, nem provocador e nem tampouco intolerante. Mas, por outro lado, não se deve escrever pisando em ovos e, mais que isso, temendo abordar certos temas que poderiam ser incômodos e atingir algumas castas de privilegiados que se julgam intocáveis.

Vou ser franco, acho que quem se poda, se policia, se autocensura evitando tocar em alguns assuntos com medo de retaliação ou porque parte da opinião pública pode não gostar, e isso poderia pegar mal e ir de encontro à cidadania elitista, está dando uma prova de medroso, mofino, covarde e, principalmente, jogando o exercício da cidadania na lata do lixo. Não há assuntos proibidos. Na escrita é proibido proibir. Não há temas tabus. Detalhe: ninguém agrada todo mundo. É impossível. Quem escreve não pode e nem deve se omitir. Tinha razão o pensador quando disse que há certos momentos que silenciar é mentir.

Pessoalmente sou um mero escrevinhador matuto que se dependesse de minha vontade só escreveria sobre o passado, saudosismo, recordações, causos que vivi e ouvi contar. É a minha área, mesmo mero caçador de ticacas, é onde me realizo. Mas, hermanas e hermanos, vivemos num país em transe e, portanto, todos temos que fazer a nossa parte defendendo o que achamos correto, combatendo o que achamos errado, denunciando as injustiças, sendo mais fiel ao povo e ao país do que a partidos, líderes e até ideologia. Quem escreve ou mexe com comunicação ou tem qualquer oportunidade de tentar influir na luta por melhores dias para o povo tem o dever de dar a sua contribuição. Sem essa de se policiar, se autocensurar, evitar falar em assuntos que desagradem as castas privilegiadas. Quem escreve deve mesmo dizer a verdade, ser um combatente da liberdade, da justiça social e da democracia de verdade.

Quem vive evitando temas incômodos é mofino. Dizia um presidente, me parece que americano, que só tinha medo de ter medo. Eu, infelizmente, tenho medo, mas só de assombração, alma do outro mundo e mulher braba, inclusive da minha. Inté.