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Crônicas
02/12/2017 - 13h37
Adeus, Dito Fernandes
José Ronaldo dos Santos
 
Paulo Zumbi 

Ontem foi sepultado o nosso estimado Dito Fernandes, grande mestre da Congada do Sertão do Puruba.

Parece que passou pouco tempo desde quando eu conheci a comunidade do Sertão do Puruba, a família de Dito Fernandes e Mocinha e de outros tantos da grande família do lugar. Era o ano de 1981. Eu pesquisava e conhecia um pouco mais do lado norte do nosso município de Ubatuba. Ainda me lembro bem do dia chuvoso, com o casal forneando farinha de mandioca. A casa de farinha era logo ali, no cisqueiro, perto de uma arataca aliviada naquele momento, junto a um lindo pé de abricó. Até então eu nunca tinha visto desta árvore tão longe do jundu. Dentre as minhas indagações, estava a preocupação com a possível vinda de uma fábrica de armamentos, uma tal de Avibras, de São José dos Campos. No sertão, era uma imensa área dessa indústria divisando com aquela caiçarada.

Foram dessa época os meus primeiros registros sobre a Congada de Bastões, cujo mestre era Dito Fernandes, tendo como contramestre o Anastácio. “A Congada veio de Cunha, com os trabalhadores da caxeta. Desceu pelo caminho da Escorregosa”. A maioria dos que manejavam os bastões era do tronco dos Fernandes de Cristo. Outros parentes, tendo mudado dali, voltavam para compor o grupo e continuar a tradição. Era o caso do Decão, do Nísio e outros. “Ai, meu São Benedito, ai licença nos dá, pra companhia sair na rua pra nós manejar...”. Todos os filhos e netos foram engrossando o caldo, dando a conhecer ao litoral inteiro essa linda tradição, parte da religiosidade popular. Uma das filhas, juntamente com o Papão, neto do Velho Rita, vieram marcar a cultura popular no bairro do Itaguá, dando novos rumos ao Cortiço. E a coisa continua se espalhando com as novas gerações.

Outro detalhe das minhas memórias dos momentos que vivi com Dito Fernandes foram as caminhadas pela matas do Puruba. Ele tinha uma disposição fantástica. Eu o encontrava quase sempre pronto para sair pelas picadas da mata: de botas, com uma espingarda dependurada no ombro e convocando os cachorros. “Quércia, vem. Maluf, vem”. Dei muita risada quando o escutei chamando seus cachorros de caça. Que homenagem, hein?!? Ah! Tempo bom! E o que dizer das grandes panelas de escaldado da dona Mocinha? “Ah! Não sei se vou oferecer dessa comida para o Zé!”. “Claro que pode oferecer, mulher! Não vê que ele é gente da gente, acostumado com tudo isso que nós somos?!?”.

Viva Dito Fernandes!

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