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Crônicas
17/12/2017 - 06h45
Comidinha caseira
Dartagnan Ferraz
 

Não sei os outros, mas euzinho não passo sem a minha querida comidinha caseira. Juro. Vou ser ainda mais franco: sou um dependente de tudo em casa. Tudo, repito. Sem esse mundinho do qual sou só um dependente, não mando em nada, não vivo.

Mas há os que discordam e até, fico pasmo, preferem as comidas de fora e conheço alguns que passam mais tempo livre fora de casa do que no seu aconchego tão solidário, gostoso, carinhoso. Não, não faço nenhuma crítica, embora jamais elogie essa "filosofia" de vida. Vida? Não comento, não discuto, mas endossar não endosso. Apenas me calo. Às vezes o silêncio é um ato de censura.

Um amigo, amigo de novo porque um tempo desses tivemos um "arranca rabo" por causa de política, mas depois fizemos uma autocrítica e voltamos às boas. Fizemos besteira. Bom, esse amigo me encontrou o mês passado e estava eufórico, eu até pensei que ele havia acertado a Mega-Sena. Ele esclareceu a excitação, o frenesi, o frisson, ia deixar a esposa e viver com uma "louraça escultural de fechar o comércio" (foi a expressão que usou). Acrescentou que a "louraça tipo pecado ambulante" (expressão dele) tinha uns 45 anos mas estava com tudo em cima e era uma tigresa, ia ter que tomar muita gemada (estou repetindo o que ele afirmou), que ia dar uma remoçada e fugir de uma vida certinha e que estava se tornando tediosa. Eu calado, mas aí ele me pediu uma opinião sobre essa "guinada na vida". Não me fiz de rogado, afinal ele pedira a opinião e eu não podia ser falso. Fui franco e direto:

- Você está perguntando então vou responder: acho que você é mesmo uma besta quadrada, um imbecil, um trouxa. Bicho, você está deixando para trás, casinha arrumada, roupinha engomada, comidinha caseira, trepadinha confiável com uma mulher que você mesmo tanto exaltava, um vida invejável, um lar, uma mulher, me desculpe a franqueza que culturalmente e moralmente é superior a você, e que se você abandonar e ela estalar o dedo faz fila na porta dela porque, sejamos francos, é um mulherão, inclusive não depende financeiramente de você... Depois, depois. Não diga que não adverti.

O cara ficou meio chateado, a alegria foi pro brejo, tomou um uísque duplo, não disse mais nada, conversamos um pouco de amenidades e nos despedimos. Uma semana depois outro amigo me disse que ele havia saído de casa viver com uma secretaria de uma transportadora, uma galega que parecia ser muito chata. Bom, não entrei em detalhes, até achei a crítica do amigo à mulher meia preconceituosa. Mas não pensei mais no assunto.

Pois bem, uns 20 dias depois a bombinha de asma começou a dar sinais que ia secar, era mais ou menos oito da noite, tive que sair para comprar outra na farmácia aqui perto, comprei e, quando ia voltando para casa, passei na frente de um bar/restaurante que sempre frequento, o som estava tocando baixinho, nos trinques, "Emoções", de Roberto, resolvi entrar para tomar uma guaraná caçula e descansar um pouco as pernas cansadas de guerra. Quando entrei tive uma surpresa, só havia um casal no restaurante, e trocando carinhos numa espécie de colóquio amoroso ao som de Emoções. Era o amigo e... com a esposa, durara pouco a aventura com a louraça, quando me viu chamou e quando me sentei, depois de cumprimentar a esposa dele que é muito minha amiga, o sujeito me fitou nos olhos e disse rindo:

- Você tinha razão, ninguém vive sem a comidinha caseira.

A esposa que soubera de tudo, inclusive do meu "sermão" começou a rir.

Não, não quis beber, apenas pedi ao garçom um sanduíche de queijo do Reino Borboleta e uma caçula, comi e depois dei no pé. Deixei o casal à vontade. Mas fiquei satisfeito, eu sabia que ele não passava sem a comidinha caseira, a gente conhece os amigos. Inté.

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