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Crônicas
28/06/2005 - 18h21
Cercar ou não cercar, eis a questão
Moacyr Scliar - Agência Carta Maior
 

Numa tumultuada fase de minha adolescência, morei em São Paulo - no Bom Retiro, claro - e aí costumava passear pelo Jardim da Luz com minha namorada de então. Era um bonito lugar, aquele, em frente à tradicional estação ferroviária de mesmo nome e, à época, relativamente tranqüilo. Anos depois voltei à capital paulista e, movido pela nostalgia, fui até o Bom Retiro. Não reconheci o Jardim da Luz, agora cercado por uma alta grade. Enquanto procurava entrar dei com um homem que, atrapalhado, procurava fazer a mesma coisa, e que me disse, irritado: a gente nunca sabe onde está o portão dessa coisa.

Parques cercados não são novidades. Em Londres, eles são numerosos. Mas logo se descobre a razão disso: são, ou eram, parques privados, propriedades de algum duque ou marquês. "Que estejam completamente vazios não passa de um desperdício", diz um irritado site acerca da capital londrina. No mês passado, aliás, houve uma polêmica a respeito, quando surgiu a proposta de cercar a parte do Hyde Park em que há um memorial em homenagem à princesa Diana. À ocasião, disse um membro do conselho comunitário daquela região londrina: "Quando a gente cerca uma área que deveria estar aberta a todos, essa área perde sua razão de ser". O custo da obra seria de 150 mil libras, o que não é pouco. Por outro lado, na fonte que adorna o memorial muitas pessoas tinham se acidentado, o que poderia explicar a medida. Ou seja: sempre há argumentos a favor e contra o cercamento.

Ao fim e ao cabo, é uma questão de custo-benefício. Num prato da balança, os assaltos, os crimes, a vandalização; no outro, o incômodo para a população que terá de caminhar em busca dos portões, as despesas com a cerca e com o policiamento. Para resolver o dilema, existe a proposta de um plebiscito. Será que precisa? Um plebiscito também custa bastante em dinheiro e em termos do tempo das pessoas. Por outro lado, os vereadores têm poderes para discutir essas coisas em nome da população. Uma fórmula intermediária poderia ser um inquérito de opinião conduzido por uma instituição séria como a UFRGS. O importante é que os namorados possam namorar, que as pessoas em geral possam passear e que as crianças possam brincar. Cada parque é um reduto que abriga a infância, a nostalgia e a inocência de uma cidade.

Churrascaria Barranco, sábado à noite. Chega um senhor, acompanhado de algumas coisas, diz que reservou uma mesa em nome de Celso para 15 pessoas. Sim, a reserva fora anotada, a mesa já estava à disposição, e eles se sentaram. Daí a pouco, chega outro senhor: ele também se chamava Celso, e também tinha feito uma reserva para 15 pessoas. Nome do garçom que anotara a reserva: Celso.

A história terminou com todo mundo rindo. Ainda bem. Caso contrário, o Barranco teria que começar a cercar as mesas reservadas.

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