Ela parou de repente. As pessoas ao redor olharam curiosos. O garçom se aproximou e ofereceu uma mesa, gentilmente ela dispensou com um gesto. Lágrimas escorreram por sua face, enquanto lembranças inundaram a sua mente. Recordou o primeiro encontro. A ansiedade da espera. Os olhos de ambos ainda adolescentes iluminados pela paixão repentina. As mãos se tocando com timidez.

O namoro, o noivado curto, o casamento e por fim os filhos. Foram anos permeados de felicidade e lutas. Sempre juntos. Sempre companheiros. Quando os filhos saíram de casa para seguirem o próprio destino, não houve revolta e nem tristeza. Eles não ficariam sozinhos, tinham um ao outro.

Ela observou com atenção o casal a sua frente. Estavam tão entretidos trocando carinho, que não notaram a presença sofrida da mulher e nem viram quando ela se afastou.

Lá fora uma chuva fininha cai em solidariedade a mulher, que ajeitando o lenço que cobre a cabeça calva atravessa determinada a rua.