O doutor perguntou se faço exercícios físicos. Respondi sim, alguns. Quando eu disse pilates duas vezes por semana, ele balançou a cabeça em forma de aprovação, mas de um modo que entendi como “mais ou menos”. Então continuei, falei dos “serviços domésticos”, ao que ele riu gostosamente. Achei por bem especificar: ao lavar a louça mexo bastante os braços, sendo que na hora das panelas é necessário fazer força também. Sem contar que o exercício dos pratos, xícaras e talheres se repete umas três vezes ao dia. E tem mais. Além disso, pratico musculação, pois saco de lixo pesa, sabia? É preciso levá-lo até lá embaixo, no térreo. Como tenho faxineira uma vez por semana, só uso a vassoura de leve e passo um paninho no chão de vez em quando. Mas estico os braços para por ou tirar roupas do varal e vou muitas vezes ao supermercado, o que me faz não só andar (lá dentro e no estacionamento) como praticar novamente a musculação. Carregar as compras em saquinhos ou numa sacola de feira do carro até o apartamento é pesado! Pense comigo: meio quilo de café, 2 kg quilos de arroz, 1 kg de feijão, 800 g de carne, dois litros de leite, 500 g de pão, meia dúzia de iogurtes, uma dúzia de laranjas, meio quilo de batatas, uma dúzia de bananas, mais cenouras, tomates, cebolas... Se tiver material de limpeza então... Diante das gargalhadas do doutor desafiei-o a praticar uma só que fosse dessas coisinhas para ter ideia de como é que é. Apostei que ele não fazia nada disso e acertei.

De nada adiantou, ele me mandou caminhar 4 km todos os dias! Ou seja, dar sete voltas na praça Sta Terezinha, ou oito voltas dentro do Sesc, ou, se eu preferir, andar de não sei onde até lá não sei onde, indo e voltando, indo e voltando... Cá entre nós, acho que ele quer que eu pague meus pecados.