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Crônicas
05/01/2018 - 08h08
O vídeo em São Sebastião
Maria Angélica de Moura Miranda
 

O primeiro contato que tive com vídeo, foi por volta dos 12 anos, quando participava das sessões que o Dr. Pagliuchi fazia na sua casa. O Dr. Carlos de Campos Pagliuchi era médico cancerologista, morava aqui, mas trabalhava em São Paulo na área de radioterapia, faleceu aos 82 anos e morou aqui desde 1950.

Na sua casa havia um projetor, ele fazia vídeos caseiros sobre a cidade e suas viagens e depois convidava os amigos para assistir, entre eles meus pais.

Tinha também um laboratório de fotografia e revelava fotos preto e branco, mais tarde consegui passar para o DVD um filme de 1951, que assisti na sua casa durante a minha infância e tenho até hoje. 

Depois, quando já estava no ginásio estudava com o Edson, o filho do Chico Japonês, que participava dos filmes do Edivaldo Nascimento, ele fazia o papel de índio e tinha o cabelo comprido, no meio das costas, que conservava para não perder o personagem, ele ficava falando sobre as gravações nos intervalos das aulas.

Edivaldo Nascimento, natural de São Sebastião, ainda jovem se apaixonou pelo cinema e pela fotografia e mesmo trabalhando em outras áreas, conseguiu realizar um importante trabalho, recuperou e revelou os negativos do primeiro fotógrafo de São Sebastião o Sr. Agnello Ribeiro dos Santos, esse acervo que registra a cidade da década de 20 até 60, é uma riqueza incalculável. Além disso fez uma série de filmes com a ajuda do fotógrafo Hirochi que financiava os filmes, de maneira que ele pudesse pagar vendendo garrafas, engraxando sapatos e outros tipos de serviços. Produziu os filmes: “O mexicano” – “O pistoleiro sem lei” – “O tesouro sangrento”. Hoje é funcionário público aposentado e continua criativo, está reproduzindo as lendas em fotonovelas, faz exposições de fotografias e segue fotografando todos os acontecimentos para deixar registrada a sua época.

Na década de 70 foram gravadas as primeiras propagandas em São Sebastião, uma delas envolveu a cidade toda, era de uma marca de sabão em pó famoso até hoje, muitos personagens da cidade participaram, entre eles o Bibinho, caiçara símbolo de São Sebastião.

Em 1974 foi feito o filme “O dia que o Santo pecou”, uma produção de Benedito Ruy Barbosa, contando a história de São Sebastião, o nosso Santo padroeiro, que foi preso como culpado por um crime. Um fato que segundo os antigos aconteceu, mas hoje em dia sem documentação que possa provar, virou lenda.

Seguiu-se depois uma série de documentários que foram gravados por ONGs e televisões, por causa do valor cultural do Centro Histórico da cidade que foi tombado pelo IPHAN e CONDEPHAAT, e por causa do folclore local. Esse material que contou com a participação dos moradores as vezes é recuperado através da internet, mas muita coisa ninguém mais teve acesso.

Muitas filmagens foram feitas por aqui, com temas ambientalistas, por que a região conseguiu preservar características importantes, não autorizando por exemplo prédios com mais de 9 metros. A beleza do Litoral Norte é assunto no Brasil e no mundo.

Em 1984, durante um incêndio de grandes proporções, por causa de um produto inflamável que foi descartado na Vala do Outeiro pela Petrobras, o caiçara Bernardo Tavolaro, que havia ganho uma filmadora vinda dos Estados Unidos, filmou o incêndio e o pânico que se formou na cidade. Na mesma noite a Rede Globo veio atrás e passou no Jornal Nacional. Nos dias que se seguiram a Petrobras exigiu que a filmagem fosse entregue para a direção do Terminal Marítimo Almirante Barroso.

A Prefeitura Municipal, a partir da década de 90, passou a produzir vídeos sobre a programação e eventos, o primeiro a fazer esse trabalho foi o Zilson Militão, que já fazia filmes de aniversários e casamentos. Porém em 1996 ele sofreu um acidente, foi atingido por um raio no banana boat que trabalhava aos fins de semana, agora milagrosamente já se recuperou, mas não trabalha mais nessa área. Para substitui-lo na Prefeitura ficou o Iuri Cunha, funcionário público lotado na videoteca, que também já trabalhava fazendo casamentos e festas.

O Iuri Cunha tornou-se então o documentarista mais importante de São Sebastião, recuperou o acervo de várias famílias, aprendeu como ninguém a editar e reconhecer a importância do que era produzido, hoje é um especialista na área com conhecimento na prática.

Ainda hoje todas as Prefeituras do Litoral Norte produzem material para divulgação, visando o turismo.

A Prefeitura, em 2013, começou a oficina de vídeos com o documentarista Daniel Queiróz que fez o primeiro episódio de “Contos do mar” e os vídeos “Edivaldo Nascimento – Vida, fotografia e cinema”, e está editando “Neide Palumbo – São Sebastião do meu tempo de menina”.

Por causa da vela e agora do surf, muitos documentários são feitos na área esportiva, uma vez que o Canal de Toque Toque, que separa São Sebastião e Ilhabela, é frequentado por todos os nossos medalhistas olímpicos e agora temos também o Gabriel Medina primeiro campeão brasileiro de surf.

Para enriquecer ainda mais essa história temos morando em São Sebastião o cineasta Paulo Alberton, que já produziu aqui a série Lab Idéias, tem gravado todos os eventos culturais e faz parte do Conselho de Cultura na pasta de vídeo.

Hoje em dia todo mundo pode produzir um vídeo com seu celular e os mais jovens, nem imaginam como isso era difícil antigamente.


Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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