Em certa ocasião, havia dito Lênin que em se tratando de política: "O principal é a agitação e a propaganda em todas as camadas do povo". Adolf Hitler, por sua deixa, afirmava que, na mesma seara: "A propaganda permitiu-nos conservar o poder, a propaganda nos possibilitará a conquista do mundo". Palavras ditas por dois mestres na arte da tragédia humana no reino dos césares, que nos transmitem uma perene e triste verdade que, a nós, se faz bastante visível diante dos fatos que estão a ocupar os holofotes da mídia tupiniquim. A verdade de que o PT é só um partido de dolosas intenções. Também, mas não tão só e simplesmente esta verdade que, para muitos não é novidade. Creio que, a mais profunda lição que tais fatos estão a ensinar é para que deixemos de cultuar o Estado como uma via para se solucionar todos os males de nossa sociedade. Tais fatos estão a arrancar as remelas estatólatras para nos chamar a atenção de que não é nas mãos de caudilhos, "libertadores de ocasião", que encontraremos a resolução do fracasso brasileiro, mas na atitude que nós, enquanto sociedade, temos que tomar, que seria a de chamarmos para nós a responsabilidade por nós mesmos, enquanto indivíduos e em quanto sociedade. Exemplo que bem demonstram essa tomada de consciência, é a dos trabalhadores de São Bernardo do Campo que militam na Pastoral Operária que, como o senhor Waldemar Rossi, da coordenação da Pastoral Operária de São Paulo, pediu a desfiliação do PT e agora prega o voto nulo. Mas, desde quando pregar o voto nulo é sinal de tomada de consciência? Bem, desde quando confiar cegamente em um partido político sem ao menos conhecer com clareza as suas diretrizes políticas é sinal de "consciência"? Desde quando, acreditar que o Estado é o único caminho para melhor organizar a sociedade, é demonstração de sanidade? Alias, onde está escrito que votar por afinidade, por simpatia, por promessa de empregos, por "achar" que esse é o melhor sem refletir sobre o projeto de nação apresentado por um determinado partido é demonstração de cidadania? Alias, votar em fulano por achar que ele é o mais honesto, ou, o menos calhorda, é demonstração de sanidade ou psicose cívica? Não meu amigo cidadão. Nosso papel cívico para a manutenção de nossa adolescente democracia não é de modo algum sempre votar na corja disponível nos horários eleitoreiros e depois lhes dar amplos poderes para supostamente a tudo fiscalizar, mas sim, limitar e controlar os seus poderes, pois, como nos ensinava Lord Acton no século XVIII, o poder por sua natureza corrompe o homem, mas, o poder absoluto, corrompe de maneira absoluta. Mas, o amigo leitor, deve estar a se perguntar de que forma nós podemos fazer isso. Ora, de uma maneira simples e vejamos isso em um outro caso ilustrativo, o da A Associação dos Arrendatários Financiados e Mutuários do Sistema Financeiro do Estado de Goiás (Afim) que nos foi apresentado pelo jornalista Diego Casagrande. Segundo o referido jornalista, esta Associação ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com uma ação civil pública contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso mesmo, a entidade alega que o dirigente petista teria praticado omissão e prevaricação por não ter tomado providências contra o suposto esquema do "mensalão" e pede que o STF quebre os sigilos bancário, fiscal e telefônico do Presente da República, do tesoureiro do PT, Delúbio Soares, do Partido dos Trabalhadores e de toda bancada do PTB, PL e PP. E mais! Se forem comprovadas as denúncias, a entidade quer ainda que os envolvidos respondam por crime de formação de quadrilha e sejam obrigados a devolver os recursos. Você já parou para pensar se todas entidades civis, cidadãos de maneira isolada, entrassem com Ações populares e Ações civis públicas contra meliantes que nos governam e que, de tempos em tempos, trocam o papel de falsos moralistas defensores de nossos interesses? Seria realmente uma democracia. Enfim, meus amigos co-cidadãos, esse é nosso papel cívico e não o de cordeiros, como os da fábula de George Orwell, A REVOLUÇÃO DO BICHOS, que apenas repetiam os refrões ditados pelo seu tiranete redentor.
Nota do Editor: Dartagnan da Silva Zanela é professor e ensaísta. Autor dos livros: Sofia Perennis, O Ponto Arquimédico, A Boa Luta, In Foro Conscientiae e Nas Mãos de Cronos - ensaios sociológicos; mantém o site Falsum committit, qui verum tacet.
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