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Crônicas
06/02/2018 - 07h22
Eduardo Souza
Luiz C. S. Penna
 

Duas pessoas, entre outras e sendo estas mais importantes, influenciaram-me na aventura do conhecimento, do saber, da filosofia, da política, psicanálise etc. E do Savoir-vivre. Meu amigo, Eduardo e Paulo Francis. Do Francis ficamos “viúvos” quando morreu. Era o que diziam minha mulher e a mulher do Eduardo. Ledo engano. Ficaram os livros, opiniões, vídeos etc.

De Marx, Freud, Marcuse, e outros tantos a esquerda, em trinta e poucos anos Eduardo mudou. Coincidência ou não, Paulo Francis havia mudado, eu idem, e as leituras e conversas tomaram outro rumo. Religião tomara mais tempo em nossas conversas, Olavo de Carvalho nos trouxe mais base para novas e inquietas indagações. Bruno Talentino, Otto Maria Carpeaux, Paul Johnson, João Pereira Coutinho, o pessoal do O Indivíduo, Nelson Rodrigues e muitos outros.

E-mails eram enviados à Pedro Sette Camara, Martim V. Da Cunha, Olavo... Eduardo dizia que perdêramos muito tempo lendo besteiras impostas pelos embusteiros de costume. A velha história do mundo como idéia. A idéia era outra: releitura dos clássicos, o transcendente (talvez uma de suas palavras preferidas) pelo imanente, releitura da Bíblia, bulas papais (sim, Eduardo tornara-se católico a seu modo), os críticos, filósofos, escritores dito conservadores. Direita, diriam e dizem os que torcem o nariz para os supra mencionados.

Ser correto, antes de tudo. Não se deixar levar pelo mau que acometia e acomete o país, o mau caráter. Honesto em um país em que poucos lembram o significado da palavra. Retidão de carácter e certeza de estar cumprindo o que sua consciência pedia. Trocara, há muito, o burburinho de mesas de bar, o papo de esquina; preferia a quietude da casa, os livros, a música clássica (já não tinha mais saco pro rock, dizia), os artigos pro O Guaruçá e os netos.

Eu mesmo andava afastado. Aparecia de vez em quando para um papo, troca de livros, artigos da Internet e música. Clássica. Eu gosto de Wagner (influência do Francis), ele não desgostava, dizia apenas que havia muito barulho, preferindo a quietude de Mahler, o barroco de Bach, os Quartetos de Beethoven...

Veio a doença, a pseudo melhora, a morte. Eduardo pagou um alto preço por não querer brigar. ????? Não vou explicar. Não tenho esse direito.

No nosso mundo intelectual havia a briga de idéias, não de fatos. Isso foi e é fatal. Eduardo ainda acreditava nas pessoas e cria que elas veriam o que ele realmente era, o que valia. Não viram e não veem. As pessoas reagem muito mais a fatos. Mas não é sempre assim? Não, a idéia vem primeiro. Deixemos o instinto aos animais. Foi o que aconteceu. Idéias havia, provavelmente, muitas. Faltaram ações. A práxis (que paradoxo!?) venceria.

Como de tudo fica um pouco, ficou a sua conduta, caráter e a procura que deve ser constante em todos nós de algo que só encontramos quando olhamos para a própria alma que, mesmo dilacerada, procura o perdão de si e do próximo.

Lembro o Francis deblaterando contra o burburinho e os erros na produção de vídeos para a TV Globo e dizendo: eu estou fodido. Eduardo concordaria. Estamos.

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