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No Centro de São Sebastião (SP) havia um morro conhecido como Outeiro. Ele ficava dentro da fazenda que havia por aqui e por isso a fazenda também se chamava Fazenda do Outeiro. Atrás desse Outeiro, que na verdade significa pequeno morro, passava um rio e havia ali uma comporta, que foi construída para nas épocas de chuva controlar a quantidade de água que descia pelo córrego, evitando assim as enchentes. Porém as crianças da região tinham ali uma grande distração, escorregavam pelo morro e caíam nas águas da comporta. A comporta foi, na verdade, a primeira piscina pública de São Sebastião. As águas que passavam nesse córrego vinham da caixa d'água, que durante muitos anos abasteceu a cidade. Depois com a construção da Petrobras ficou sendo usada somente dentro da área, onde hoje está a Transpetro. Na década de 70 a vala foi canalizada, mas continua aberta e atravessa toda a cidade, desaguando na Praia da Frente. Em 1984, depois de um vazamento de produto inflamável dentro da área da Petrobras, que acabou escoando pela vala, um morador ateou fogo. Esse foi o acidente mais sério ocorrido até agora por causa da Petrobras, causando pânico e desespero aos moradores de São Sebastião. Houve uma vítima fatal que enfartou de susto. Certa vez a Petrobras resolveu que faria cavernas subterrâneas para armazenar GLP, apresentou projeto, fez painéis demonstrativos e colocou pela cidade. Para isso porém o local escolhido foi justamente onde havia o Outeiro. Fez-se então o desmonte do morro do Outeiro e o material tirado de lá, foi usado para fazer o aterro que existe na Rua da Praia. Na verdade não passou do projeto, as cavernas não foram construídas. Mesmo atravessando todo o Centro da cidade, por lugares importantes como o hospital, a prefeitura, a área da Marinha essa vala continua sendo usada como depósito de lixo. Desde 2017 a Cetesb, a Fapesp, a Prefeitura e os moradores da Vila Amélia em São Sebastião, estão fazendo reuniões sobre o risco de morar perto dos tanques de armazenamento de combustível da Transpetro. Nossa ideia é retomar o Plano APELL e levar nas escolas palestras para orientar a população sobre o perigo. Esse trabalho está sendo acompanhado por uma universidade francesa, que em 2017 trouxe os alunos que ficaram por aqui 20 dias e fizeram algumas instalações e encenações sobre os riscos de acidente.
Nota do Editor: Maria Angélica de Moura Miranda é jornalista, foi Diretora do Jornal "O CANAL" de 1986 à 1996, quando também fazia reportagens para jornais do Vale do Paraíba. Escritora e pesquisadora de literatura do Litoral Norte, realiza desde 1993 o "Encontro Regional de Autores".
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