Recentemente participei de uma mesa de debate na Korn Ferry Hay Group sobre voluntariado. Foi uma grande oportunidade para apresentar meu projeto Vida Literária (www.vidaliteraria.com.br), que realiza a distribuição gratuita de livros em escolas públicas. Após o evento, conversando com representantes de outras ONGs, percebi um problema comum entre nós: a falta de comprometimento de algumas pessoas.

Gente que geralmente entra em contato querendo ser voluntária, promete uma série de coisas, e depois desaparece e deixa todo um trabalho comprometido. Apesar de cada um contribuir na medida de suas possibilidades, o compromisso assumido deve ser encarado com muita responsabilidade.

Entendi minha responsabilidade em uma escola da periferia de São Paulo. Já tinha passado por algumas unidades de ensino, porém, ser voluntário é cansativo e estava pensando em parar, dar um tempo, porque conseguir e separar os livros, e depois arrumar escolas e entregar as obras literárias toma uma grande parte do meu tempo. Sem contar os gastos, porque o projeto não tem apoio financeiro e tudo sai do meu bolso.

Mas daí fui a esta escola na periferia de São Paulo, local em que chegam mais demandas do que oportunidades. No final da atividade, uma jovem disse que pela primeira vez naquele ano ela tinha “visto luz em ambiente que na maioria das vezes está em escuridão”. Aquilo me impactou. Então entendi que não posso parar o projeto. Vou levar até quando for possível.

Ou seja, as pessoas que desejam participar de algum projeto precisam saber que muitos têm estrutura limitada, são feitos na raça, na cara e na coragem. Então, nunca se coloque à disposição sem realmente ter certeza que pode contribuir. Muito ajuda quem não atrapalha. E nos dias de hoje tomar o tempo do outro com promessas vazias é prejudicial e quando estamos falando de voluntariado o agravante é um pouco maior.

Nota do Editor: Anderson Fernandes é jornalista, autor dos livros Entre Quatro Poderes e Nocaute e coordenador do projeto Vida Literária.