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Crônicas
16/02/2018 - 06h54
Menina, cadê você?
Rangel Alves da Costa
 

Menina, cadê você? Mocinha, cadê você? Bela mocidade, cadê você? Sei que jamais voltarei a avistar aquela menina bela na sua janela de entardecer, toda perfumada e sonhadora, de fita no cabelo e brinco bonito na orelha.

Sei que nunca mais avistarei aquela mocinha bonita com seu vestido de chita, de chinelos de dedo, toda faceira e cheirosa a lavanda de feira. Sei que nunca mais vou avistar a menina, quase moça feita, brincando com sua casa de boneca, penteando a boneca de pano, fazendo cozido de folha de mato.

Sei que nunca mais vou avistar a mocinha lendo um bilhete de amor jogado escondido pela janela nem recebendo uma flor roubada em jardim. Sei que nunca mais irei avistar poesia em cada olhar, em cada rosto, em cada sorriso.

E triste, muito triste, eu tenho que perguntar: Menina, cadê você? Mocinha, cadê você? Bela mocidade, cadê você? Meninas parecendo bonecas de tão belas e tão formosas. Mocinhas parecendo princesas floridas pelo jardim da idade. Mocidades doces, sonhadoras, tão puras quanto o prazer pela vida.

Hoje não sei, juro que não sei, o que fizeram com vocês, o que provocou tantas transformações. Hoje as meninas e as mocinhas já não têm mais a idade do sonho, da inocência, daquela doce pureza à janela nem do vestido de chita florido.

Ainda são crianças e já são adultas. E a velhice chega depois de cada baile, depois de cada farra, depois da curtição. E quando se dão conta o tempo já passou. E quando pensam que são flores o vento já levou!

Meninas que não vivem mais o seu tempo, que não vivem mais o seu mundo, que não abraçam mais a formosura de sua idade. Nem adolescentes querem mais ser, pois de repente já se assumindo como moças feitas e donas de seus destinos.

Menina, não é assim não. Tudo tem o seu tempo, tudo permanece algum tempo e depois passa. Não adianta querer pular a janela da vida se o aprendizado do viver ainda não se completou. E certamente não se completará nunca.

Retome bela menina, a doce poesia que há em você, todo o encantamento que há em você. Nada mais belo que seu olhar à janela, que sua mão escorrendo pelo diário, que os seus sonhos sendo transformados em frases e poemas.

Vista essa roupa de chita, coloque flor no cabelo, adorne-se de conchas de mar e descalça vá caminhar pelas paisagens do entardecer. E seu espírito se encherá de um jardim tão belo que a flor na flor estará perante o olhar que aviste.

O tempo da meninice, da mocidade, é o tempo da vida em flor. Dar passos adiante sem ter vivido e convivido com as mais doces estações é perder na estrada uma doce página. Então se assuma com a idade que tem, viva a idade que tem e então o seu amanhã será bem melhor.

E quando novamente eu perguntar menina cadê você, certamente você estará sorridente à sua janela, sonhando e sonhando, banhando-se das cores do entardecer e encantando a vida com sua formosura em flor.

Menina, cadê? Não vá, não desapareça de sua idade. Seja você!


Nota do Editor: Rangel Alves da Costa é poeta e cronista. Mantém o blog Ser tão / Sertão (blograngel-sertao.blogspot.com.br).

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