Essa semana li uma citação do poeta Strickland Gillilan: “Você pode ter baús cheios de joias e arcas cheias de ouro; riquezas materiais sem fim. Mais rico do que eu você nunca será – eu tive uma mãe que lia para mim.” Nesse instante fiz um resgate e voltei ao tempo. Lembrei, então, da menina que habita meu ser e que me transportou aos momentos vividos na fazenda de meu avô, com os afazeres domésticos, do campo e as tarefas escolares, que culminavam com o aconchego das contações de histórias de minha mãe, nas tardes primaveris embaixo do tamarindeiro, responsável pela imensa sombra na grama macia. Assim, posso considerar-me rica, pois tive uma mãe que lia para mim. Uma mulher que enviuvou cedo, tendo em seus braços quatro filhos pequenos continuou sua jornada como guerreira, mulher, mãe, filha e profissional exemplar. Uma mulher em sua jornada pela vida, como tantas outras, que quer apenas viver e ser feliz. Acho pertinente convidar a jornalista Susan Maushart para contribuir com essa reflexão sobre a representatividade desse viver para nos mulheres. Em suas pesquisas, a autora constatou que as mulheres querem: · A liberdade de decidir, elas mesmas, como viver, com autonomia para suas próprias escolhas, entendendo que não precisa se obrigar a uma escolha definitiva; · A possibilidade de serem quem são – e de serem exaltadas por isso à noite e valorizadas por isso de dia; · Querem contar com as infinitas possibilidades e gerenciá-las para uma vida feliz, satisfatória e significativa; · Dentro dessas perspectivas, querem formular a sua própria definição de felicidade, levando em conta o alerta da psicóloga Deborah Dubner: “Não há verdade única, tempo certo ou opinião soberana. Somos pequenos raios de coloridas mandalas que reluz perspectivas e verdades relativas.” Talvez esse viver para as mulheres, com suas buscas constantes, esteja na capacidade de reconhecermos o viver em todas as suas nuances: menina e mulher; mãe e filha; esposa, amante e profissional; com TPM ou sem; na menopausa ou não. Todas buscando a plenitude da vida entre o doar e receber; pedir e agradecer; amar e odiar; ser forte e ser frágil, caminhar e parar; seguir adiante e dar um passo para trás; falar e silenciar; cansar e energizar; sorrir e chorar; buscando compreender a dualidade e paradoxos da vida, pois, como nos diz a psicoterapeuta Claudia Riecken, “os melhores sobreviventes e os mais resilientes vivem bem com essas características duais, paradoxais. São capazes de migrar entre elas, conforme a necessidade, porque estão mais em contato com sua natureza essencial (...) a alma é livre para seguir qualquer caminho. Quanto há na essência de cada mulher! Não importa quantos anos de vida elas tenham, todas querem viver plenamente cada dia, acolhendo sua sombra e deixando sua essência e seu brilho resplandecer, pois quando optamos por viver do modo mais pleno e iluminado possível muitas outras pessoas que estiverem por perto serão contagiadas se permitirem. Desta forma, acredito, encontramos os passos que ancoram nossa jornada como mulheres! Nota do Editor: Maristela Negri Marrano é sócia-diretora do Centro de Longevidade e Atualização de Piracicaba (Clap), mestre em Educação Física pela Unimep e pós em Neurociências aplicadas à Longevidade – UFRJ.
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