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Opinião
18/03/2018 - 06h46
Lê até o fim que dá sorte
Montserrat Martins
 

Mais criativo que o meu amigo Marco eu nunca vi, uma vez ele resolveu concorrer a vereador e levou seus “santinhos” pra distribuir até na procissão de Navegantes, que reúne mais de 100 mil pessoas em Porto Alegre.

Causando desconforto e rejeição com propaganda política no evento religioso, ele teve uma ideia que virou o jogo. Vendo se aproximar um grupo de idosas com crucifixos nas mãos, ele disse para a que vinha na frente, lhe dando o santinho na mão: “Toma e lê até o fim, que dá sorte”.

Se eu não visse, eu não acreditava. Não só a primeira velhinha passou a ler o “santinho”, como as que vinham atrás se interessaram e pediram pra ganhar aquele papelzinho “abençoado”. Diziam: “Dá sorte? Eu também quero”.

Lembrei dessa história ao observar a psicologia típica do brasileiro. Se tivéssemos que resumir a apenas duas características, podemos afirmar, sem medo de errar, que somos um povo supersticioso e queixoso, que fala mal de si próprio o tempo todo e toma “cuidados” contra o azar, mantendo a secreta esperança de ter sorte na vida.

Se falar mal do próprio país e do próprio povo desse dinheiro, não tinha país mais rico no mundo que o Brasil. Temos o “dom” de ver desvalorizar a nós mesmos e é extremamente raro reconhecermos alguma virtude local. “Santo de casa não faz milagre” é o ditado que melhor nos descreve.

Hoje a principal causa da nossa baixa autoestima é a crise da segurança – com mais de 60 mil homicídios por ano. Nossa cultura, mais mística do que racional, não ajuda muito, pois gera pensamentos mágicos em todas as ideologias. Na internet há políticos “de direita” falando em metralhar favelas, o que é um pensamento nazista, não uma solução. Já os militantes “de esquerda” costumam apoiar os militares na Venezuela, mas não aqui.

Seja qual for a sua ideologia, “o Brasil” sempre leva a culpa, como se o Brasil não fossemos nós mesmos, mas algo externo a nós, dos quais fossemos vítimas. Como ironiza a música “Partido Alto”, “Deus é um cara gozador, adora brincadeira, pois pra me jogar no mundo tinha o mundo inteiro, mas achou muito engraçado me botar cabreiro, na barriga da miséria nasci brasileiro”.

Somos um país autossuficiente em petróleo, com uma das maiores economias do mundo, uma Polícia Federal e um Ministério Público atuantes, somos capazes de prender empresários e políticos corruptos de todos os partidos e quebrar o sigilo bancário até de um Presidente em exercício. O apoio a esse “passar a limpo” o país é fundamental e por isso foi importante você ter lido aqui até o fim, pra nos dar sorte.


Nota do Editor: Montserrat Martins, colunista do Portal EcoDebate, é médico psiquiatra, bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais e ex-presidente do IGS – Instituto Gaúcho da Sustentabilidade. Fonte: Portal EcoDebate (www.ecodebate.com.br)

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